quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

The Post. A guerra secreta. Steven Spielberg.

Um filme grandioso. Li num comentário que o filme não existiria se Donald Trump não se tivesse eleito presidente dos Estados Unidos. Seria uma homenagem à sua barbárie, que lhe foi prestada pelo conhecido diretor Steven Spielberg e servir também como um alerta para que o truculento presidente respeite a liberdade de imprensa. O filme é The Post - A guerra secreta. O tema é a sempre controvertida guerra do Vietnã (1955-1975).

 A força do filme está nos diálogos e na corajosa ação em defesa da liberdade de imprensa. O título do filme The Post já nos indica que o jornal tema é o Washington Post, na época, ainda um jornal local de pequeno porte. Kat Graham (Meryl Streep) é a proprietária, que o recebe como herança da família. Portanto, temos aí um importante componente do filme. A proprietária é uma mulher. O jornal quer crescer e por isso lança ações suas na Bolsa de Valores. Esse fato requer cuidados. O jornal deverá ter credibilidade, aliada a muita prudência. Ele precisa se conter.

E precisa estar de olho nos concorrentes. Ben Bradlee (Tom Hanks), o editor chefe, não tem pruridos morais no sentido de espionar a concorrência para ver as suas linhas de investigação. Isso dá resultados. O enredo do filme começa efetivamente quando o New York Times publica documentos secretos do Pentágono e, em contrapartida, recebe a ação do presidente Nixon (1969-1974) no sentido de barrar as publicações, pela Lei da Espionagem, questões de segurança nacional. Kennedy e Johnson eram mais benevolentes. Nixon, pelo que o filme indica, era um tremendo de um mau caráter.

O Washington Post também tem os documentos em mão. Publica ou não publica? Ponderações por todos os lados. O advogado faz alertas e o mesmo procedimento é adotado por uma espécie de consultor de assuntos financeiros. As ações lançadas na bolsa precisam ser consideradas. Qual seria a reação dos investidores? Ben tudo faz para que os documentos sejam publicados. Alertado de que poderia ser preso, tem dúvidas. Kat dará a palavra final. Contra quase todos, toma a decisão em favor da publicação. Ela é um sucesso. Praticamente todos os jornais americanos acompanham a sua decisão e também os publicam.

O último round do enredo se dará na justiça, na Suprema Corte. Com grande suspense o resultado é aguardado. Quem triunfará? O resultado não foi nenhuma unanimidade. 6 a 3 foi decisão da Corte em favor da liberdade de imprensa. Se consagra o princípio de que esta liberdade precisa ser testada para ver se ela realmente existe. "O único jeito de defender a liberdade de publicação é publicando", diz uma espécie de mensagem final do filme.

O filme tem muitos méritos. A atuação política de Steven Spielberg é bem conhecida. Ele se expõe. Em tempos obscuros como os nossos, de Trump e de golpe em marcha no Brasil o tema precisa ser exposto. O comportamento da grande mídia brasileira precisa ver este filme e aprender com ele, que a liberdade de imprensa precisa ser utilizada em favor dos governados e não dos governantes, ou ainda pior, pela verba recebida dos governantes. Filme também obrigatório para ser exibido nos cursos de jornalismo. Há muito o que aprender com o filme e com as suas mensagens. Duas indicações a Oscar. Melhor filme e melhor atriz. A temporada do Oscar promete.


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