sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Príncipe da Privataria. Palmério Dória.

O livro do Palmério Dória teve lançamento nacional no dia 30 de agosto de 2013, numa sexta feira. Como não consegui comprá-lo em livraria em Curitiba, no sábado, no mesmo sábado comprei-o pela Internet. Veio com um defeito feio da gráfica, nas páginas 157 e 158, mas paciência. Falta de revisão final, nos controles de qualidade. Erro grave e imperdoável. O livro é da Geração Editorial e o seu editor Luiz Fernando Emediato apresenta, na abertura do livro, uma nota do editor, explicando as razões pelas quais aceitou a sua publicação, apesar da amizade que mantém com o denominado Príncipe da privataria.
O livro de Palmério Dória. Uma análise dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso.

O livro possui trinta e seis capítulos e a estrutura narrativa é apresentada no subtítulo que o livro leva. A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição. O livro, porém, não se limita a estes dois temas. Também traça um perfil da carreira acadêmica e política de FHC e dos principais elementos que compõem os tucanos de alta plumagem de São Paulo. Também o tema do filho, tido fora do casamento, com uma jornalista da rede Globo perpassa quase todo o livro, tendo como foco, não a questão moral mas, mais uma vez, traçando um perfil do ex-presidente e, especialmente, o comportamento da grande imprensa com relação ao caso, merecendo destaques a TV Globo, os jornalões e as revistas semanais.

As revelações contidas no livro não constituem grande surpresa para os leitores da revista Caros Amigos, pois, a revista foi a única que noticiou o caso, em abril de 2000, em sua edição de número 37. Palmério Dória, o autor de O Príncipe da privataria, por um bom tempo, trabalhou nesta revista. O jornalista também traz em seu currículo e que, certamente, lhe confere muitos créditos, ter trabalhado na revista Realidade. Seus colegas do tempo da Caros Amigos são constantemente citados, especialmente as entrevistas feitas em conjunto.
Frase de Pedro Simon e de José Aparecido sobre o Príncipe da Privataria. Compra de votos para a reeleição e a desnacionalização são os grandes focos do livro. 

Duas palavrinhas sobre o título. Príncipe é o título que constantemente é atribuído a FHC, especialmente em função da sua carreira acadêmica e a seus estudos no campo da sociologia. O seu principal livro, sobre a teoria da dependência, não escapa das ironias do autor, quando ele trata da entrada do Príncipe na Academia Brasileira de Letras. Já a segunda palavra, privataria, tem uma explicação mais precisa. Conta que o neologismo foi criado por Elio Gaspari e que apesar de ainda não constar nos dicionários, todos já conhecem o significado deste verbete, por seu uso corrente. Ele o explicita da seguinte forma:

"Mistura privatização com pirataria e se refere ao esquema adotado na era FHC para entregar, em mãos privadas, empresas estatais - ou seja, do governo, por extensão do povo brasileiro; e isto, a pulso, reprimindo manifestantes contrários; cooptando a mídia em peso; vendendo empresa por preço menor do que o dinheiro que ela tinha em caixa, pondo do dinheiro do BNDS na mão do comprador, ou seja, 'pagando' para o estrangeiro 'comprar'; com indícios e mesmo provas de que rolaram desvios na casa dos bilhões, e de que muita gente ficou com as chaves de cofres em paraísos fiscais que guardam fortunas".
Um outro foco sobre o Príncipe da Privataria.

Os episódios mais detalhados do livro com relação a privataria são os das telecomunicações e da Vale. E, o que foi pior, não houve apenas a privatização, houve também a desnacionalização completa de todos estes setores que foram privatizados. As novas donas não tinham nenhum compromisso em usarem componentes nacionais, provocando a desindustrialização de setores em que íamos até muito bem. Compra-se tudo no mercado. O conceito de Nação, ou do seu derivado, o nacionalismo precisava ser apagado da história, segundo os tucanos. O Brasil passaria a ser visto como um mercado emergente.

Não consigo aqui estabelecer em que momento, o Príncipe e a sua corte, formada por economistas da PUC /RJ, ou asseclas do tucanato paulista, agiram de forma pior. Se foi na privataria ou se foi no episódio da reeleição. Consigo ver, isto sim, uma perfeita inter relação entre os dois, pois, afinal de contas, o projeto de destruir a memória de Vargas, de destruir um Estado/Nação, não seria tarefa para apenas quatro anos. Queriam 20 anos de poder e, para isso, o primeiro passo foi o da reeleição. A história da compra da reeleição é única e ímpar: foram punidos os comprados ou os vendidos e nunca se conseguiu identificar os compradores. FHC, cinicamente, diz que também prefeitos e governadores estavam interessados no projeto.
Felizmente o ciclo de governos tucanos foi interrompido e assim não precisamos ver este símbolo para a nossa maior empresa.

No livro você também se encontra um belo quadro comparativo, em que é mostrado o Brasil de 2002, como ele foi deixado por FHC, e o de 2012, ou como ele está hoje, após dez anos de governos do PT. O livro termina contando a história da criação do Instituto Fernando Henrique Cardoso - o IFHC, com uma passada de chapéu, pelo então, ainda presidente, e encerra mesmo com a história da negação da paternidade do filho com a jornalista, fato que ele tinha reconhecido quando ele completara 18 anos. O que será que houve? 

2 comentários:

  1. Eu vou compartilhando as minas leituras e a minha visão de mundo. E quando as pessoas gostam, eu fico muito satisfeito.

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