terça-feira, 9 de agosto de 2016

Crônicas da Resistência. Narrativas de uma democracia ameaçada.

No dia 28 de julho de 2016, no teatro da reitoria da Universidade Federal do Paraná, foi lançado o livro Crônicas da Resistência - Narrativas de uma democracia ameaçada. O livro é uma coletânea de textos organizada pela jornalista Cleusa Slaviero e se constitui de reflexões e vivências de autores que fazem parte de um grupo de resistentes. É o que pode ser visto e lido na capa do livro, da Editora Compactos.
Acima de tudo o livro é um manifesto de indignação contra a democracia ameaçada.

Todo o mérito do livro é da jornalista, que incansavelmente trabalhou para que ele se tornasse realidade. Ele é, no entanto, uma construção coletiva graças a obstinação de Cleusa, que via facebook, in box, Whatsapp, e-mails e alguns telefonemas conseguiu juntar em torno de 80 pessoas que puseram no papel os sentimentos que os envolveram nos episódios do atentado que está sendo perpetrado contra a jovem democracia brasileira. Ação de estupradores profissionais e contumazes. O primeiro momento deste atentado foi o impedimento da presidente, ocorrido naquele fatídico e nojento dia 17 de abril, quando ocorreu a votação na Câmara dos Deputados.

O livro deu voz, uma voz profundamente indignada, a muitos anônimos batalhadores da causa da democracia e das políticas públicas em favor da construção da cidadania do povo brasileiro. O livro lhes deu oportunidade para registrarem, junto ao mundo que lhes é próximo e perante a história, o seu apreço pela democracia. Nem mesmo os autores se conheciam entre si. A edição do livro se deu através de auto financiamento, isto é, cada autor contribuiu para que o livro se tornasse realidade. O retorno veio sob a forma de livro.
A comandante Cleusa Slaviero, organizadora do livro. Feliz às vésperas do lançamento.

Não obstante o caráter praticamente anônimo de seus autores, alguns dos nomes são de pessoas muito conhecidas e respeitadas por suas histórias de vida. Assim Adolfo Pérez Esquivel, militante dos direitos políticos fundamentais na Argentina e na América Latina, o Nobel da Paz do ano de 1980 prefaciou o livro e o conhecido escritor e teólogo da libertação Leonardo Boff escreveu o seu posfácio. Ainda, João Alexandre Goulart, neto do querido ex presidente João Goulart contribuiu com uma das crônicas, Transição democrática ou Transação democrática? Que democracia é esta? É um relato em que estabelece uma relação entre o golpe de 1964, que derrubou o seu avô e o de 2016, que está derrubando a presidente Dilma. Existe alguma dúvida de que não tenha sido uma transação?

Por dificuldades de contatos, apenas a região do norte brasileiro ficou ausente no livro. Das outras regiões, todas estão presente e, praticamente, todos os estados estão representados. Os relatos são percepções do momento vivido, mas são também textos de valor pelo seu conteúdo e capacidade de análise do presente momento histórico. O que aproxima todos os textos é o seu caráter de indignação e de denúncia contra um Golpe de Estado que está se perpetrando, mesmo que ele venha travestido com o nome de impeachment. É golpe mesmo!
Um prefácio de um Nobel da Paz, em muito enriquece o livro. Um golpe sem armas, blando.


O jornalista Josias de Souza, da Folha de S.Paulo, recentemente escreveu que falta pouco para que o interino perca a pecha de ser considerado como presidente interino do Brasil. Pode ser verdade. Ainda no mês de agosto ficaremos sabendo disso. Mas Michel Temer jamais se livrará da pecha de traidor, usurpador e de golpista e, certamente, os seus dias de ilegitimidade na presidência serão dias muito amargos. Terá meia dúzia de lacaios ao seu lado, uma malta de réus e denunciados que encontraram no golpe a forma de se manterem na política e no poder, mas que será profundamente odiado e repudiado por todo o cidadão brasileiro, minimamente consciente e sabedor de que a construção da igualdade e da cidadania passa necessariamente pela existência de políticas públicas que promovam a inclusão social.
Por isso mesmo o projeto do livro não para no seu primeiro volume. Já estão anunciados os números 2 e 3, que darão continuidade, ocupando-se da consumação (ou não) do golpe e do que acontecerá no período pós golpe. O livro pode ser encomendado junto à Editora que disponibiliza os seguintes endereços que aqui estão anexos. A presidente Dilma mandou mensagem por ocasião do lançamento.
Para quem tiver interesse, eis o contato.


6 comentários:

  1. Muito obrigado, Flávio. É realmente é um belo trabalho coletivo e com todos os méritos para a Cleusa, a organizadora do livro.

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  2. Muito bom companheiro. Sempre na luta e na divulgação contra o GOLPE. Paz e bem!!!

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  3. Marcando posição perante a história. É a luta de quem quer um país decente, uma pátria para muitos filhos. Que bom estarmos juntos nestas brigas. Meu agradecimento, João Bello.

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  4. É sempre uma grande honra participar dos livros coletivos de nossa competente e obstinada jornalista Cleusa Slaviero. Participei com a crônica 'E por falar em nobreza de caráter' onde denuncio a cumplicidade nefasta dos inescrupulosos golpistas. Hoje, retomada a nossa jovem demoracia com a volta do nosso querido Lula, precisamos continuar a resistênca. Como diz nossa eterna Presidenta Dilma: "a luta é para sempre".

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    1. Maria Martins, primeiramente agradeço a sua manifestação. Em segundo lugar aproveito para reafirmar um alerta. A democracia continua correndo riscos. Se o Bozo está se indo..., os bozistas, seres tão nefastos quanto ele, estão permanecendo.

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