terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Quem faz a História. Bertold Brecht.

Ao preparar um curso sobre formação sindical, além de incluir a árida teoria, optamos também pela poesia. Possivelmente a poesia diga a mesma coisa que a teoria, mas a diz de uma outra forma. Ou, no mínimo, quem compôs a poesia, tinha antes se apoderado de toda a teoria. O mesmo ocorre com o leitor, quando a lê e a entende perfeitamente.

Este poema de Brecht visa a formação da consciência de classe. Por ela o trabalhador se vê como um artífice, como o construtor de sua obra. Enquanto que nos livros de história, apenas os reis ou os generais e os seus sucedâneos são mostrados como os artífices de sua obra ou de grandes conquistas. Isso ocorre por causa da divisão social do trabalho. Nela uns planejam e outros executam e só os que planejam são valorizados. No marxismo o trabalho é visto como práxis, isto é, como unidade entre o saber e o fazer, entre o planejar e o executar, entre a cabeça e a mão.


Mas vamos ao poema de Brecht. Ele proporciona belíssimas reflexões.

Quem faz a História?

Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes de reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedras?

E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo
Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios 
Para seus habitantes?

Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritavam por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses,
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?

Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos
Quem pagava as despesas?

Tantos relatos.
Tantas perguntas.
Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes dos reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para seus habitantes?

Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritaram por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses,
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?

Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as despesas?

Tantos relatos.
Tantas perguntas.


Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=156311 © Luso-Poemas
Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes dos reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para seus habitantes?

Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritaram por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses,
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?

Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as despesas?

Tantos relatos.
Tantas perguntas.


Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=156311 © Luso-Poemas

2 comentários:

  1. Maravilha! Brecht era um gênio. Se ao ler este texto a pessoa não se tocar que sem consciência política ela não tem direitos, ela não tem vida própria, é um ser alienado e manipulado pela grande mídia capitalista, que é bom lembrar, é uma empresa capitalista.

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    1. Que maravilhoso comentário Marco Antonio Monteiro Coutinho. Te agradeço muito. Brecht - um gênio a serviço do humano e da humanidade.

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