sexta-feira, 2 de março de 2018

A ideologia alemã. Notas para uma contextualização.

Como vamos trabalhar o livro, A ideologia alemã, num grupo de leituras, traço alguns apontamentos a respeito do mesmo, que talvez facilitem a sua compreensão:
A bela edição da Civilização Brasileira, com organização, tradução, prefácio e notas de Marcelo Backes.

1. De Engels, de seu discurso diante da sepultura de Marx, pronunciado no cemitério de Highgate, Londres, no dia 17 de março de 1883, por ocasião de seu enterro. O discurso como um tudo pode ser encontrado em; MARX. & ENGELS. Obras escolhidas. Volume 2. São Paulo: 1961. Vitória. Ou: http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/11/discurso-diante-da-sepultura-de-marx.html

"Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana: o fato tão simples, mas que até ele se mantinha oculto pelo ervaçal ideológico, de que o homem precisa, em primeiro lugar, comer, beber, ter um teto e vestir-se antes de poder fazer política, ciência, arte, religião, etc; que, portanto, a produção dos meios de subsistência imediatos, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase econômica de desenvolvimento de um povo ou de uma época é a base a partir da qual se desenvolveram as instituições políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas e inclusive as ideias religiosas dos homens e de acordo com a qual devem, portanto, explicar-se; e não ao contrário, como se vinha fazendo até então".

2. A ideologia alemã. Crítica da mais recente filosofia alemã representada por Feuerbach, B. (Bruno) Bauer e Stirner e do socialismo alemão representado por seus diferentes profetas. (Uma espécie de subtítulo).

3. Da contracapa do livro A ideologia alema, da Editora Hucitec. "Escrito à época dos primeiros movimentos autônomos da classe operária europeia. A Ideologia alemã é sobretudo uma instigante incursão pela teoria materialista e dialética da história.
Nessa elaboração pioneira e em vigorosa polêmica com o idealismo pós-hegeliano e o materialismo de Feuerbach - principais correntes teórico-políticas na Alemanha de 1845-46 -, Marx e Engels fundam sua concepção do ser social e assentam as bases iniciais do socialismo como ciência".

4. Contracapa de A Ideologia Alemã, da Civilização Brasileira, com organização, tradução, prefácio e notas de Marcelo Backes (2007). "Bem ao contrário do que acontece com a filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui se sobe da terra para o céu. Quer dizer, não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam, ou engendram mentalmente, nem tampouco do homem dito, pensado, imaginado ou engendrado mentalmente para daí chegar ao homem em carne e osso; parte-se dos homens realmente ativos e de seu processo de vida real para daí chegar ao desenvolvimento dos reflexos ideológicos e aos ecos desse processo de vida".

5. Parte final da Orelha da contracapa do livro anterior: "Ao descobrir a história como história das relações de reprodução, nas quais as 'ideias dominantes' e formas de expressão culturais configuram apenas um momento, A ideologia alemã fixou um ponto de partida absoluto para toda a crítica subsequente da sociedade. Ela adquire, assim, atualidade justamente em uma  situação de crise como a que vivemos, na qual o nexo entre ideias e formas sociais se obscurece, à medida que o pensamento pós-moderno passa a 'teologizar' as relações sociais e uma barbárie neo-religiosa se propaga cada vez mais". Robert kurz.

6. Prefácio. Retirado da edição da Hucitec. "Até o presente os homens sempre fizeram falsas representações sobre si mesmos, sobre o que são ou deveriam ser.  Organizaram suas relações em função de representações que faziam de Deus, do homem normal, etc. Os produtos de sua cabeça, acabaram por se impor à sua própria cabeça. Eles, os criadores, renderam-se às suas próprias criações. Libertemo-los, pois, das quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres imaginários, sob o jugo dos quais definham. Revoltemo-nos  contra este predomínio dos pensamentos.  Ensinemos os homens a substituir estas fantasias por pensamentos que correspondam à essência do homem, diz um, a comportar-se criticamente para com elas, diz um outro; a expurgá-las do cérebro, diz um terceiro - e a realidade existente cairá por terra.
Estas fantasias inocentes e pueris formam o núcleo da atual filosofia neo-hegeliana que, na Alemanha, não somente é acolhida pelo público com horror e veneração, mas apresentada pelos próprios herois filosóficos com a solene consciência de sua periculosidade revolucionária mundial e de sua brutalidade criminosa. O primeiro tomo da presente obra tem por finalidade desmascarar estes carneiros que se julgam lobos e que assim são considerados; propõe-se a mostrar como nada mais fazem do que balir filosoficamente as representações dos burgueses alemães e que as fanfarronices desses intérpretes filosóficos apenas refletem a derrisória pobreza da realidade alemã. Tem por finalidade colocar em evidência e desacreditar essa luta filosófica com as sombras da realidade, que convém ao sonhador e sonolento povo alemão.
Certa vez, um bravo homem imaginou que, se os homens se afogavam, era unicamente porque estavam possuídos pela ideia da gravidade. Se retirassem da cabeça tal representação, declarando, por exemplo, que se tratava de uma representação religiosa, supersticiosa, ficariam livres de todo perigo do afogamento. Durante toda sua vida, lutou contra essa ilusão da gravidade, cujas consequências perniciosas todas as estatísticas lhe mostravam, através de provas numerosas e repetidas. Esse bravo homem era o protótipo dos novos filósofos revolucionários alemães". 17-8.

7. Da minha dissertação de mestrado Faxinal do Céu - Universidade do professor. A redução dos conceitos de educação e uma ameaça à sua forma pública e democrática. 1.3.1. A educação em meio a uma formação social. ..."Para nos aprofundarmos nesta autoconstrução do ser e do gênero humano, examinaremos em primeiro lugar, a forma como o ser humano produz a sua existência. Nesta produção da existência, encontramos a atividade vital humana, pela qual, além de atender as suas necessidades mais primárias, o ser realiza um ato histórico. Esta realidade é assim expressa por Marx e Engels: "Somos forçados a começar constatando que o primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a história, é que os homens devem estar em condições de viver para poder 'fazer história'. É preciso viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda a história, qua ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias  e todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos" 39.
[...] "O segundo ponto é que, satisfeita esta primeira necessidade, a ação de satisfazê-la e o instrumento de satisfação já adquirido conduzem a novas necessidades - e esta produção de novas necessidades é o primeiro ato histórico". 40.
As investigações que se seguem, levam-nos à questão de como o homem satisfaz estas necessidades, o que nos leva à mais importante das categorias trabalhadas por Marx, qual seja, a atividade vital humana, ou o trabalho. Pelo trabalho o homem não assegura apenas a sua própria base material de sobrevivência, mas dá início a todo o processo de desenvolvimento do gênero humano, da humanidade, pela relação entre a objetivação e a apropriação.......Páginas 36 e 37 da dissertação. As páginas 39 e 40 referidas são da edição da Hucitec.

8. Conceito de práxis: "Mas é em Marx que o conceito se torna central, no novo ideal filosófico de transformar o mundo por meio da atividade revolucionária. A subordinação da teoria à prática relaciona-se com a incapacidade da razão para resolver contradições, que são removidas através do progresso dialético da história. A práxis relaciona-se também com a atividade livre, autêntica e autoconsciente, que se opõe ao trabalho alienado que é exigido pelo capitalismo". Dicionário Oxford.
Do livro Filosofia, de Antônio Joaquim Severino: "Usou-se também o conceito de práxis: ele designa a prática humana enquanto é atravessada por uma forma de intenção reflexiva; distingue-se assim de uma prática puramente mecânica". 28.
"O que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade". Marx em O Capital.

9. http://www.blogdopedroeloi.com.br/2018/02/as-tres-esferas-da-existencia-humana-o.html

10.http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/11/conceitos-de-infraestrutura-e.html

11. O filme - O jovem Marx. https://www.youtube.com/watch?v=2M5vo2n6G7Y 






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