domingo, 22 de maio de 2016

Joseph Goebbels. Uma biografia. Peter Longerich.

Ufa! tarefa concluída. Uma longa biografia. Joseph Goebbels - Uma biografia. A autoria é de Peter Longerich. 654 páginas de biografia e mais quase 150 só de notas. Detalhes e minúcias, especialmente, das intrigas de poder. Acompanha um álbum de fotografias. A editora é a Objetiva. O livro divide-se em 29 capítulos e em três grandes partes.
Como diz na capa. A biografia definitiva. Diários e discursos.

A primeira, Ascensão a qualquer preço, é apresentada em nove capítulos e abrange os anos de 1897 e se estende até 1933, o ano da ascensão dos nazistas ao poder. A segunda, Controle da "Opinião Pública" a qualquer preço, abrange os anos de 1933 até 1939. São mais nove capítulos. A terceira e última, Guerra, Guerra Total - Ruína Total, abrange os anos de 1939 a 1945. Mais precisamente até o mês de abril e maio de 1945, quando tudo acabou. São os restantes 11 capítulos.

Se a leitura é exaustiva, imagina o trabalho de pesquisa. Duas são as suas fontes principais. Os diários e os discursos. É impressionante como ele foi fiel ao seu diário. Ele só o abandona alguns dias antes de sua morte. Eles eram para Goebbels uma importante fonte de renda, pois negociou a sua edição póstuma, obviamente, sem saber o seu desfecho. E os discursos, quantos ele não fez. O biógrafo leva em conta uma espécie de tese sobre a personalidade do biografado, a sua obsessão pelo chefe.
Ao lado do chefe. A sua obsessão maior.


A respeito desta sua obsessão vejamos dois trechos que constam no item V das conclusões: "A enorme falta de ideias político-pragmáticas em Goebbels corresponde à sua estrutura de personalidade inteiramente voltada para o reconhecimento e o sucesso a qualquer preço: quando ele era o centro das atenções, quando a sua causa triunfava, pouco lhe importava em que consistia o sucesso alcançado". O segundo trecho é o final do último parágrafo da obra:

"Os antigos rivais na preferência do ditador, os Göring, Speer e Himmler, estavam politicamente marginalizados, não sem a própria colaboração de Goebbels, enquanto Bormann parecia rebaixado ao papel de mero secretário.Nesse sentido, o ministro da Propaganda foi efetivamente até as últimas consequências na sua necessidade narcísica fundamental: acompanhar Hitler no suicídio com a família, fixou para todo o sempre a relação especial com seu ídolo tal como ele a enxergava. Ao final, a mentira da sua vida havia triunfado". Hitler junto com a sua esposa, casara no dia anterior ao do suicídio com a amante Eva Braun, se suicidam no dia 30 de abril de 1945. No dia seguinte foi a vez de Goebbels, de Magda e de seus seis filhos. O cenário foi o Bunker da resistência final.
Meio desajeitado, mas sempre uniformizado.


O meu interesse maior na leitura foi o aspecto da engenhosidade da peça de propaganda. A sua concepção. Nas páginas 90 a 94 são descritas as técnicas de propaganda que ele empregava. Era uma transposição das técnicas da propaganda comercial. Qual era o conteúdo? Os do chefe. Duas eram as questões fundamentais. O nacionalismo e o antissemitismo. Este antissemitismo se materializa no ódio à identificação dos judeus com a burguesia, responsáveis pela não concretização do sonho nacionalista da Alemanha. Pouco em termos de conteúdo. Muita repetição. Nos discursos, muita pregação da violência.  Ao final da guerra, a sua ideia-força era a da guerra total, o único instrumento com o qual poderiam vencer a guerra.

O livro também é interessante pelo aspecto da narrativa da guerra. Nesse sentido, ganha força o terceiro capítulo, onde os diferentes passos, o avanço e o recuo dos exércitos, os bombardeios, as esperanças nos aperfeiçoamentos técnicos como as bombas V1 e V2, são mostrados para neles inserir o objetivo do livro que é o de mostrar os preparativos e a interpretação dos diferentes fatos.  O desfecho é bem interessante. Nunca entregaram os pontos.
Em família. Um relacionamento a três.


Outro aspecto interessante é o relativo às fofocas e as intrigas no poder. Assim ocorre, já nos dias finais no Bunker, o fuzilamento de uma pessoa muito próxima ao Führer, o seu cunhado. Muitos detalhes das desventuras amorosas de Hitler também estão presentes, assim como o relacionamento a três da família Goebbels mais o Führer, bem como as suas intervenções na solução dos problemas do casal Joseph e Magda Goebbels.

Deixo ainda a última frase da contracapa do livro: "Resultado de uma pesquisa minuciosa, Josph Goebbels - Uma biografia desmonta a máquina nazista peça por peça e expõe a personalidade assombrosa  de um dos homens mais influentes do Terceiro Reich". Sim, uma última coisa. A propaganda era um departamento do Estado. E isto parece que permaneceu, ao menos pelo que se observa aqui no Brasil, quando os instrumentos do Estado são controlados pela burguesia.




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