quinta-feira, 13 de junho de 2024

200 livros para entender o Brasil. Folha de São Paulo. 4 de maio de 2022.

Pelos idos dos anos de 1990, estudando o tema da globalização e do neoliberalismo me deparei com o termo desterritorialização. Por que estou me lembrando desse conceito? É que em 2022 o Brasil (não) comemorou os duzentos anos de independência. A efeméride passou praticamente despercebida, mesmo tendo um governo que afirmava o princípio de "Deus, Pátria, Família e Liberdade". Ainda mais, os governantes afirmavam-se como sendo os verdadeiros patriotas. Acontece que, com a globalização e o neoliberalismo, a PÁTRIA ficou desterritorializada, e o território que antes era o da Pátria, agora passou a ser o do mercado globalizado, sem limites e fronteiras.

Quarto de despejo. Carolina Maria de Jesus. O livro com o maior número de indicações.

Essa é a razão pela qual os duzentos anos da Pátria brasileira, isto é, seu território, seu povo e suas instituições, passassem quase em branco, ao contrário do que ocorreu no centenário e no sesquicentenário, mesmo que este último fosse festejado sob o peso de chumbo da ditadura militar. Digo isso, para lembrar, que no espírito dessas comemorações, a Folha de S.Paulo fez uma pesquisa junto a 169 intelectuais sobre quais teriam sido os livros mais importantes para entender o Brasil. A classificação foi ordenada pelo número de menções recebidas. Para quem tiver interesse maior na matéria, a publicação dessa pesquisa ocorreu no dia 4 de maio de 2022.

Eu fiquei muito feliz, comigo mesmo, com os resultados obtidos, uma vez que li (ou o livro ou ensaio a respeito) e resenhei os dez primeiros da lista e a grande maioria entre os duzentos. Mesmo assim, devo dizer que ainda não conheço suficientemente este grande e maravilhoso país. Destaque-se que não são necessariamente os que melhor interpretam o Brasil e, possivelmente, numa listagem de um curso de uma universidade, ao menos entre os dez que mereceram o maior número de indicações, apareceriam outros. Os estudos das interpretações do Brasil sempre me trouxeram grande motivação. A Folha traz uma pequena síntese de cada um dos livros mencionados.

Mas vamos aos dez mais do ranking:

Em primeiro lugar: Quarto de despejo. Carolina Maria de Jesus. 1960.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2019/09/quarto-de-despejo-diario-de-uma.html  

Em segundo lugar: Grande sertão veredas. Guimarães Rosa. 1956. 

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2014/01/grande-sertao-veredas-joao-guimaraes.html

Em terceiro lugar: A queda do céu. Davi Kopenawa e Bruce Albert. 2015.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2020/04/a-queda-do-deu-palavras-de-um-xama.html

Em quarto lugar: Raízes do Brasil. Sérgio Buarque de Holanda. 1936. Uma síntese retirada do livro Um Banquete no Trópico - Introdução ao Brasil. Vol. 1. Lourenço Dantas Mota (organizador). O ensaio é de autoria de Brasílio Sallum Jr. (p. 235-256). Os dois volumes dessa introdução são altamente recomendáveis.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2022/07/um-banquete-no-tropico-11-raizes-do.html

Em quinto lugar: Casa Grande & Senzala. Gilberto Freire. 1933. Uma síntese retirada do livro Um Banquete no Trópico - Introdução ao Brasil. Vol. 1. Lourenço Dantas Mota (organizador). O ensaio é de autoria de Élide Rugai Bastos (p. 215-234).

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2022/07/um-banquete-no-tropico-10-casa-grande.html  

Em sexto lugar: Memórias póstumas de Brás Cubas. Machado de Assis. 1881.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/07/memorias-postumas-de-bras-cubas-machado.html

Em sétimo lugar: Um defeito de cor. Ana Maria Gonçalves. 2006.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2024/05/um-defeito-de-cor-romance-ana-maria.html

Em oitavo lugar: Macunaíma. Mário de Andrade. 1928.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/01/macunaima-uma-rapsodia-de-mario-de.html

Em nono lugar: Vidas secas. Graciliano Ramos. 1938.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2014/03/vidas-secas-graciliano-ramos.html

Em décimo lugar: Brasil: uma biografia. Lilia Schwarcz e Heloísa Starling. 2015.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/10/brasil-uma-biografia-lilia-m-schwarcz-e.html 

Além desses dez, faço mais algumas indicações da lista, mas sem obedecer a ordem de indicações. Entre elas cito: Os sertões. Euclides da Cunha. O povo brasileiro. Darcy Ribeiro. Viva o povo brasileiro de João Ubaldo Ribeiro. Triste fim de Policarpo Quaresma. Lima Barreto. Úrsula. Maria Firmina dos Reis. Escravidão. Laurentino Gomes. Os sete volumes de O tempo e o vento, de Érico Veríssimo. Os cinco volumes de Élio Gaspari sobre a Ditadura militar de 1964-1985. Além de toda a obra de Jorge Amado. E um que eu ainda não conheço, O genocídio do negro brasileiro, de Abdias do Nascimento e o livro pelo qual eu cheguei a esta pesquisa da Folha, A terra dos mil povos, de Kaká Werá Jecupé.

Deixo ainda a preciosa indicação de Antônio Cândido, numa listagem das dez mais importantes interpretações do Brasil. Ele separou por temas.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2013/10/dez-interpretacoes-de-brasil-indicacoes.html


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