quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Minha Experiência em Fraiburgo.

Era o dia 4 de dezembro. No dia 5 eu estava escalado para participar de uma mesa de análise de conjuntura por ocasião da realização do X Congresso Estadual do SINTE/SC, na cidade de Fraiburgo. Como seria difícil chegar lá de ônibus, teria que me deslocar para Caçador ou Videira, optei por ir de carro, embora eu faça pouco gosto por essa opção. Teria 300 e poucos quilômetros pela frente. Saí de Curitiba com folga e cheguei lá, ainda com sol.
Placa do hotel BIZ que homenageia o seu idealizador e proprietário.

Me hospedei no hotel em que eu já tinha uma reserva e fiz a primeira incursão exploratória na cidade. Não fui longe. Fiquei hospedado no hotel BIZ, iniciais de Bogmil Izidoro Ziolkowski, seu idealizador e proprietário. É o hotel econômico que está situado junto ao hotel Renar, este sim um hotel turístico, de luxo. Os dois empreendimentos pertencem à mesma família. Não fui longe, pela beleza e pelos encantos do lugar. Saí pelos fundos do hotel e já estava num belo parque com muitos pinheiros e com muitas hortênsias floridas, no alto de uma colina. Logo avistei um lago, que era um luxo só.
Os bosques e gramados que cercam este hotel são uma das maravilhas da cidade. O hotel se situa em uma colina, acima do lago da cidade.

Desci até o lago e aproveitei para fazer a caminhada do dia. Depois fui em direção oposta, passando por uma praça que homenageia uma das fundadoras da cidade, a praça Maria Fray. Contornando a colina avisto um castelo. Um castelo europeu. Uma placa indicativa me conta a história deste castelo. Vou passar esta história para a Suzi escrever a sua tese de doutoramento sobre a bucetocracia, com o perdão da palavra. A mulher, para ficar no Brasil, exigiu a construção do castelo e o castelo ali está. A placa me levou a outro local, uma gruta do monge João Maria, o Antônio Conselheiro do Contestado.
Como ainda não havia chegado nenhum dos meus anfitriões ao hotel, fui sozinho jantar no hotel Renar, já que no BIZ não tinha. Mas antes olhei muitas fotografias e indicações e vi sobre o balcão da recepção do hotel um livro que logo me interessou; Fraiburgo - Marcos da História, de Gerda Maria Frey Ziolkowski. O livro tem uma bela apresentação e é impresso em papel de qualidade. Como o preço era honesto, não tive dúvidas. Comprei-o. Antes da viagem já tinha especulado um pouco no Google. Tinha visto um pouco a saga dos Frey e na placa junto ao castelinho vi outros sobrenomes, aparentemente franceses. Isto tudo me encheu de curiosidade e me induziram à compra do livro.

A história de Fraiburgo é muito particular. Santa Catarina e o seu meio oeste e o seu extremo oeste tem uma história muito particular. Os problemas de fronteira com a Argentina e depois, mais especificamente, o seu meio oeste teve problemas de fronteira com o Parana e teve como resultado destes conflitos a guerra do Contestado. Resultado. Ninguém se estabelece em áreas de conflitos, especialmente quando eles se tornam muito violentos. Por isso a história de Fraiburgo é recente, completará o seu cinquentenário no ano que vem, quando a guerra do Contestado completará o seu centenário.
O portal de entrada da cidade, para quem vem de Lebon Regis.

As terras de Fraiburgo pertenciam a uma das famílias mais poderosas de Santa Catarina, a família Ramos, que junto com os Konder e os Bornhausen já detiveram quase todo o poder no Estado e ainda continuam muito poderosos. Estas terras foram vendidas para dois irmãos vindos de Estrasburgo, terras que trocaram de mãos entre alemães e franceses, por ocasião dos conflitos da primeira guerra e em seus tratados de paz. Estrasburgo pertence hoje à França. Carlos Guilherme Frey traz a sua família para o Brasil. Entre seus filhos estão os conhecidos irmãos René e Arnoldo que tudo tem a ver com a história da cidade. A família passa pelo Rio Grande do Sul, se estabelecem em Castro no Paraná, mas vão estabelecer raízes mesmo, na hoje cidade de Fraiburgo, o então Campo da Dúvida.
Praça homenageando a pioneira Maria Frey, esposa de René.

Os irmãos Frey chegam ao vale do rio do Peixe, montando uma serraria, como tantas outras que existiam na região. Só que em vez de irem embora após a derrubada geral dos pinheiros, ali se estabelecem e se reinventam economicamente. Já deviam ter algum grau de poder. Depois disso tudo, simplesmente tudo, da história de Fraiburgo passa pelos irmãos  René e Arnoldo. A história é bonita e vai bater na maçã. Fraiburgo é hoje a capital nacional da maçã. Os irmãos nunca foram amadores e a história da maçã caminha junto com a história da tecnologia de sua produção. Técnicos em sua cultura foram buscados pelo mundo para ali estudarem condições climáticas e escolherem as variedades que melhor se adaptariam à região. Estão aí os sobrenomes franceses apontados na placa indicativa do castelinho. Devem ter sido aproveitados os conflitos da França na guerra da independência da Argélia, para trazer técnicos franceses para a região.
Um caminho entre as flores para ser percorrido no hotel Renar.

Hoje, em seu cinquentenário, Fraiburgo é uma cidade que conta com 35.000 habitantes. A pomicultura, cultura de frutas de clima temperado, com todo o destaque para a maçã, se constitui na grande atividade econômica do município. A industrialização destas frutas, as atividades ligadas a reflorestamento e hoje as atividades ligadas ao turismo são o complemento desta economia.

Fraiburgo comporta a localidade de Taquaruçu. nesta localidade ocorreu uma das maiores batalhas, senão a maior de todas as batalhas da guerra do Contestado. Lá funciona um museu, lembrando a epopeia. Li o livro de uma das pioneiras da região mas a minha curiosidade pede por mais coisas. Por isso, já consta na minha agenda uma volta para este maravilhoso lugar, tão cheio de história.


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