quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Vale dos Vinhedos. Bento Gonçalves.


Um dos encantos deste país é a serra gaúcha. Num raio de um pouco mais de cem quilômetros ela mostra todas as suas maravilhas. Mostra pujanças industriais e grandes centros urbanos como Caxias do Sul e o seu polo metal mecânico e Bento Gonçalves, o maior parque moveleiro do país. Mostra belezas incomparáveis, de engalanamento da natureza em Canela, Gramado e Nova Petrópolis. Canela mostra a sua imponente igreja, competindo com a obra da natureza, a cascata do Caracol. Gramado, além do belo lago Negro foi transformada, não pela minha vontade, num enorme shopping a céu aberto. Nova Petrópolis, a cada dia que passa, se transforma  mais no seu fabuloso pórtico de entrada, que a todos dá as boas vindas.
Um mapa sempre ajuda na localização. O verde junto a Garibaldi e Bento Gonçalves, indica a localização do Vale dos Vinhedos.

Em meio a este cenário existem também as pequenas e bucólicas cidadezinhas, que preservam as tradições italianas e o seu maravilhoso dialeto, trazido da região do Vêneto. Inspirados em Verona e no seu casal de adolescentes alucinados, cultivam seus amores e suas paixões, rompendo todas as barreiras. Uma santa milagreira opera milagres, quando as dificuldades da vida se tornam intransponíveis. A Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha.
Veja as distâncias que devem ser percorridas para se chegar ao paraíso do Vale dos Vinhedos.

Embora  toda a religiosidade trazida pelos imigrantes católicos, ritos pagãos também são cultivados e, generosos agradecem, não sei a Dionísio ou a Baco, pela procedência deve ser Baco, o maravilhoso presente da uva. Lhe cantam canções repletas de saudade e de nostalgia, canções trazidas da pátria distante. Mas o amor à nova terra, tão cheia de prodigalidades, os faz cantar também novas canções, derretendo seus corações em novos amores na terra abençoada: Da uva vem o vinho - Do povo vem o carinho - Bondade nunca é demais. Estas são as lembranças que leva da região o turista visitante. O vinho, o carinho e a bondade.
Aqui se inicia a visita na vinícola da Miolo.

Este povo chegou ao Rio Grande a partir dos idos de 1871 e na região, a partir de 1875. Teve que subir a serra para se estabelecer. Os vales já estavam ocupados pelos alemães. Mas, para quem transpôs o mar, trazendo na bagagem pouca coisa a mais do que a enorme esperança, insignificantes seriam as dificuldades da subida da serra, terra de muitas encostas, que logo foram desbravadas e cobertas de parreirais. A uva passou a ser a grande marca deste povo. Primeiro num vinho rústico, mas puro, para o próprio consumo. Com o passar do tempo, vai ganhando sofisticação. Hoje seus vinhos e espumantes, pela qualidade, ganham o mundo.

A bondade, como diz a música, os congraçou no espírito comunitário e cooperativo. Este espírito atingiu o econômico e uma de suas melhores experiências comunitárias se traduz pelo que ficou conhecido, como o Vale dos Vinhedos. O vale é maravilhoso. Ele se compõe de uma rodovia, ao longo da qual se estabeleceram as vinícolas e as suas cantinas. Hotéis, restaurantes e outras lojas, especialmente de produtos da agricultura e do artesanato local complementam o caminho e, tudo isso, em meio a uma paisagem deslumbrante. A Géia e Dionísio te aproximam do mágico, especialmente se você já tiver feito algumas degustações.
No início da visita na Miolo, as diferentes qualidades da uva e a sua procedência.

As vinícolas, associadas na Aprovale, oferecem degustações e vendas a varejo. São quase trinta as vinícolas que podem ser visitadas. Sempre gostei da visita e degustação da Miolo. Lá vale a pena comprar a degustação mais cara, pois além de degustar os melhores vinhos, você recebe o dinheiro de volta para fazer compras na sua loja, no varejo. A visita começa nos parreirais, onde são mostradas as principais uvas e a sua procedência. Na sequência, todo o processo de transformação da uva em vinho é mostrada, com destaque ao envelhecimento dos vinhos e os seus ganhos em qualidade. A visita termina com degustação e compras. A degustação na Casa Valduga também vale a pena e o D. Cândido é uma figura humana típica que vale a pena conhecer. Compras para o consumo cotidiano eu compro na Vinhos Larentis, honestos na qualidade e no preço. Para os de domingo, mais caros, fica a critério.
Uma vista geral da vinícola da Miolo.

A cozinha italiana é outro atrativo. São mais de dez restaurantes. Como sou muito fiel aos lugares que me servem bem, sempre vou ao Sbornea's Restaurante, do qual, segundo o seu dono, os meninos do Tangos e Tragédias, tomaram o nome da República da Sbórnia. É impossível experimentar de tudo. Até dá vontade de comer apenas a sopa de capeletti. Hotéis e pousadas de muitas estrelas se entremeiam ao céu estrelado. Outra coisa importante. O vale dos vinhedos é absolutamente chique. Se veste de acordo com cada estação do ano, seguindo rigorosamente a moda da estação, num colorido de encher os olhos. Assim, para conhecer bem o vale, você deverá visitá-lo, ao menos quatro vezes por ano. E, de quebra, você faz o reabastecimento.

Em Garibaldi, o milagre da uva transformada em vinho, jorrando de uma fonte.

A última batalha em que os vitivinicultores estão envolvidos é a da qualidade inconteste de seus vinhos, na busca da certificação da Denominação de Origem. Veja como a Aprovale apresenta esta busca: "Os vinhos do Vale dos Vinhedos apresentam identidade, sendo os únicos no Brasil a pleitear a classificação de denominação de origem (D.O.). A região foi a primeira no país a ser reconhecida como Indicação Geográfica, sendo garantida pela APROVALE a origem dos vinhos finos aqui produzidos. Os rótulos que irão ostentar a D.O. exprimem a excelência do terroir do Vale dos Vinhedos, seguindo rígidos padrões tanto no cultivo das uvas como na elaboração dos vinhos. Entretanto, a qualidade dos produtos pode ser comprovada em cada uma das garrafas elaboradas pelas empresas associadas. As mais de três dezenas de vinícolas situadas no vale estão abertas à visitação ao longo de todo o ano, assim como podem ser realizadas visitas guiadas, degustações comentadas e jantares harmonizados com atendimento feito por enólogos e pelas famílias dos empreendedores".
Este é o Vale dos Vinhedos. Ao longo desta rodovia estão as vinícolas, as cantinas e as outras atrações.

Junto ao Vale dos Vinhedos existem outras pequenas cidades muito aprazíveis e centradas em torno da produção do vinho e dos espumantes, com destaque especial para Garibaldi, a vizinha tão próxima. E, como comecei, não distante dali existem os outros encantos, os de Canela, Gramado e Nova Petrópolis. Seguramente um dos lugares que você deve por na lista daqueles que vale a pena visitar. Com certeza, não haverá arrependimento.


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