Sob o lema "Por uma educação crítica, transformadora e que promova a emancipação da classe trabalhadora", realizou-se nos dias 5, 6 e 7 de dezembro na bela e aprazível cidade de Fraiburgo o Xº Congresso Estadual do SINTE/SC, o sindicato dos educadores de Santa Catarina. Por indicação de meus companheiros da APP-Sindicato, especialmente através do professor Paixão, recebi um honroso convite para participar dos debates sobre a conjuntura brasileira. O convite do SINTE me veio através do seu coordenador estadual, o professor Luiz Carlos Vieira.
A faixa anunciando o Xº Congresso Estadual do SINTE/SC. Quero dar destaque para a frase do Paulo Freire.
Ao longo da minha vida já participei de muitos congressos, mas confesso que há muito tempo não via mais um ambiente tão acalorado de polêmicas e de debates. É que estava em questão a permanência ou não da filiação do sindicato à Central Única dos Trabalhadores. A manutenção da filiação foi defendida pela direção estadual, majoritariamente ligada ao Partido dos Trabalhadores e a desfiliação era uma proposta da oposição à direção, aglutinada por partidários do PSTU. O clima foi de beligerância. Nomes de expressão nacional estiveram presentes ao Congresso. Favoráveis à CUT falaram Carlos Augusto Abicalil, ex deputado federal e ex presidente da CNTE e Roberto Franklin de Leão, atual presidente da CNTE. Pela desfiliação falaram Susana de Sá Gutierrez, diretora do SEPE/RJ, o sindicato dos educadores do Rio de Janeiro e Atnágoras Teixeira Lopes, membro da Secretaria Nacional da CSP/Conlutas, a central sindical, ligada ao PSTU.
Ao longo da minha vida já participei de muitos congressos, mas confesso que há muito tempo não via mais um ambiente tão acalorado de polêmicas e de debates. É que estava em questão a permanência ou não da filiação do sindicato à Central Única dos Trabalhadores. A manutenção da filiação foi defendida pela direção estadual, majoritariamente ligada ao Partido dos Trabalhadores e a desfiliação era uma proposta da oposição à direção, aglutinada por partidários do PSTU. O clima foi de beligerância. Nomes de expressão nacional estiveram presentes ao Congresso. Favoráveis à CUT falaram Carlos Augusto Abicalil, ex deputado federal e ex presidente da CNTE e Roberto Franklin de Leão, atual presidente da CNTE. Pela desfiliação falaram Susana de Sá Gutierrez, diretora do SEPE/RJ, o sindicato dos educadores do Rio de Janeiro e Atnágoras Teixeira Lopes, membro da Secretaria Nacional da CSP/Conlutas, a central sindical, ligada ao PSTU.
Participei de todos os debates do primeiro dia. A minha intervenção foi pautada na análise de Brasil, especialmente da diferenciação das concepções de Brasil como um mercado emergente, concepção defendida pelos neoliberais e a concepção de Estado/Nação e Pátria, a visão dominante nos dez anos de governo de Lula e Dilma. A contestação a minha fala feita pelo representante da CSP/Conlutas foi a de que o PT e a CUT (a discussão estava mais vinculada à central) já não representavam mais os interesses dos trabalhadores, alegando para isso, a privatização da Petrobrás pela Concessão de Libras e os movimentos de junho/2013, que seriam a manifestação clara da insatisfação do povo brasileiro com relação ao governo da presidenta Dilma. Estes dois argumentos foram, aliás, a tônica de todo o debate em torno da desfiliação à CUT.
Dei destaque aos anos 1980 no Brasil. Os anos 1980 foram os anos de aprendizado de democracia no Brasil. Nesta década surgiram os movimentos de resistência à ditadura, como o movimento pela Anistia, pelas Diretas Já e pela Assembleia Nacional Constituinte. Foi a década em que os sindicatos ganharam nova vitalidade e a sua Central, em que surgiram os movimentos sociais, destacando-se entre eles o MST. E dessas massas em movimento surgiu um partido político, pela primeira vez em nossa história, um partido surge das massas e não de conchavos entre as elites, o Partido dos Trabalhadores. Estas mobilizações colheram o seu melhor resultado com as eleições de 2002, quando o poder de tomar decisões mudou de mão e começaram a ser implementadas políticas sociais de larga repercussão. Para contrapor esta base de organização popular, questionei a representatividade dos oposicionistas presentes no Congresso, apenas para pegar de leve.
Uma vista da plenária do Congresso.
Uma vista da plenária do Congresso.
Eu aprendi muito neste Congresso. Gostei especialmente da apresentação de abertura, uma representação da Guerra do Contestado, numa encenação feita por uma escola do MST. A guerra do Contestado foi transformada numa espécie de mito fundador do povo catarinense, herdeiro do espírito de luta contra as marcantes injustiças sociais de o que o povo fora vítima. Outra fala que apreciei muito foi a do professor Reinaldo Lindolfo Lohn, chefe do departamento de história da UDESC, que traçou um belo quadro da história e da geografia econômica de Santa Catarina e a forma como estes fatores se combinam na condução da política conservadora no Estado. As outras falas foram falas mais táticas, embora todos os votos dos congressistas já estivessem pré carimbados. Também houve uma comovente sessão de homenagens a pessoas já falecidas e que tinham em suas vidas a marca da luta pela justiça social.
Quero aqui expressar os meus agradecimentos pelo honroso convite recebido, especialmente ao professor Vieira, que foi o mediador da minha ida para participar deste Congresso. No dia 6 aproveitei para conhecer um pouco mais da região. Fui até Treze Tílias. Também fiquei muito mais motivado em conhecer melhor a história do Contestado, que no ano que vem já completará cem anos. Sobre o ardor dos embates que eu vi no Congresso, lembro de uma fala de Paulo Freire, de 1992, em Umuarama. É certo que não existe anúncio sem a denúncia e, a indignação e a denúncia fazem parte do anúncio de um tempo novo, mas é também preciso analisar a nossa forma de indignação. Vejamos Paulo Freire.
Uma vista da cidade de Fraiburgo, que abrigou o Congresso. Uma cidade que tem história para contar.
"...porque você tem formas de indignação diferentes. Às vezes você pode ter uma indignação meio..., ineficaz, que a gente chama, em linguagem popular, da gíria política, de porralouquice. Essa, na verdade, não dá. A porralouquice é a maneira melhor de você ajudar a direita no país, com ares de revolucionário. E isso é o que é pior, com pinta de revolucionário. Um porra louca é um direitista sem saber, sem saber. Dizem que o céu está cheio "assim" de porra loucos". Mas como o Congresso estava voltado para a educação transformadora ficarei com outro pensamento do grande mestre, relativa à necessidade da construção de uma sociedade socialista: "Eu hoje estendo a radicalidade democrática ao mundo da vida natural. Para mim hoje uma democracia social, que não é necessariamente a social democracia, é uma experiência socialista".
O Congresso continuaria a se desenvolver nos dois dias seguintes. Certamente houve novos embates, dos quais ainda não fiquei sabendo os resultados.
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