sexta-feira, 1 de abril de 2016

Viagem ao Recife. 2. A cidade de Recife.

Cheguei em Recife pelo aeroporto internacional - Recife/Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, a segunda cidade mais populosa de Pernambuco. Mais de 700.000 habitantes. O aeroporto homenageia o escritor e sociólogo Gilberto Freyre. Ele deve se situar bem na divisa das duas cidades, pois, com menos de vinte reais de táxi, eu já estava em meu hotel, na aristocrática praia de Boa Viagem, um dos cartões postais da cidade moderna.
Praia da Boa Viagem. Na altura do número 4.000 não tem tubarão.

A primeira coisa que eu estranhei em Boa Viagem, é que ele é um bairro residencial. A sua orla atlântica é tomada por enormes e luxuosos edifícios. Na praia, apenas modestos quiosques. Na avenida também não circulam ônibus. Fiz um primeiro reconhecimento do terreno e me localizei na praça da Boa Viagem, com uma bela igreja, toda em azul e uma feirinha. Ali também tem um ponto de informações turísticas, onde tomei as minhas primeiras informações e me muni de mapas. Recife, Olinda e outros pontos turísticos já estavam sob meus domínios. Também não existem receptivos na Boa Viagem. Apenas vendedores ambulantes.  O hotel recebe encomendas de passeios.
Na praça da Boa Viagem tem esta igreja e uma feirinha.

Da boa Viagem ao centro da cidade, para Olinda e para toda a região metropolitana, existe um sistema de transportes que funciona bem. Ele funciona em um sistema binário. Uma rua que leva ao centro e outra que volta. Estes ônibus urbanos também te levam até Porto de Galinhas. Se você assim optar, não é necessário o sistema dos receptivos. No Recife a minha primeira incursão foi pelo Marco Zero. Ele se situa na Ilha do Recife, bairro do Recife, ou ainda, o Recife Antigo. Por três pontes você alcançará os bairros de Santo Antônio e São José e por outras quatro você alcançará Boa Vista. O centro é mais ou menos este trecho todo.

O bairro do Recife foi onde tudo começou. Ali se situava o porto e as atividades comerciais. Toda esta área passa por um processo de revitalização. As grandes atividades do porto foram deslocadas para Suape e parte dos antigos cais foram transformados em praça gastronômica e outra em atividades culturais com o cais do sertão, que homenageia Luiz Gonzaga. Ali também já funciona o Centro de Artesanato de Pernambuco, muito bem estruturado.
Este mapa te ajuda na orientação pelo centro da cidade. São sete pontes.

A região onde se situa a cidade era ocupada pelos índios Caetés, índios extremamente ferozes. Recife sempre teve íntima ligação com Olinda, sendo o seu porto. Olinda, por estar melhor protegida, era a área das residências. O desenvolvimento maior ocorreu sob o domínio holandês, sendo a capital durante os 24 anos desta ocupação (1630-1654). Sob Maurício de Nassau, Recife se tornou uma cidade tolerante e cosmopolita. Ali conviviam judeus, calvinistas e católicos. Uma de suas ruas leva até hoje o paradoxal nome de rua do Bom Jesus e rua dos Judeus. Nesta rua se situa a primeira sinagoga das Américas, a sinagoga Kahal Zur Israel, aberta a visitação pública. Nesta rua também está o primeiro observatório astronômica da América, a Torre Malakoff. O Recife antigo é um museu a céu aberto. Ali também se situa a igreja Madre de Deus, a igreja dos casamentos da gente de bens.
A igreja dos casamentos chiques.
 
Atravessando as pontes você atinge os bairros Santo Antônio e São José. Na ponta, junto aos braços do rio está o Palácio das Princesas, sede do governo do estado, o Palácio da Justiça e o Teatro Santa Isabel. Atravessando outra ponte, já em Boa Vista, estará a Assembleia Legislativa. Mas, ainda permanecendo nos bairros de Santo Antônio e São José você encontrará as ruas apinhadas de gente e ruas comerciais extremamente movimentadas. Tudo isso em meio a um número sem fim de igrejas. Merecem destaque a Capela Dourada, com museu de arte sacra, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, de São Pedro dos Clérigos, de Nossa Senhora da Penha, entre outras tantas. Se conseguir visitar todas, o céu estará praticamente assegurado.
O mercado São José. Deve ser o lugar mais popular de toda a cidade.

Duas atrações turísticas, além das igrejas também ganham destaque, o Mercado São José e a casa da cultura. O mercado São José data de 1871. Ele tem estruturas de ferro, pré fabricada na Europa, tendo sido projetado e construído por arquitetos franceses e imitado o mercado de Grenelle de Paris. Apesar disso ele é bem povão. Um belo lugar para se tomar cerveja e comprar o que se possa imaginar, em termos de produtos do nordeste. A casa da cultura é um antigo cadeião, cujas selas foram transformadas em lojinhas de artesanato. É ponto de parada de todos os receptivos. Você certamente também cruzará pelo restaurante Leite, na praça Joaquim Nabuco, considerado o mais antigo do Brasil, fundado em 1882. O restaurante tem até a sua história contada em livro. O leite ao sabor do tempo - a história de um restaurante.

 Recife tem também um passeio imperdível, o passeio de catamarã. Ele passa por debaixo de cinco pontes e te dá uma bela vista panorâmica da cidade. Ao passar por baixo das pontes, você poderá fazer pedidos, que, superstições ou crendices, dizem eles, nunca falham. Não deixei de fazer os meus. Os passeios saem de lugar próprio, mas em dias de maior movimento saem também do Marco Zero. Na descida você sempre pode optar também por descer no Marco Zero. Ele também funciona como camarote fluvial durante o carnaval. Um passeio maravilhoso.
A vista da cidade pelo passeio de catamarã é muito bonita. A cidade e as suas pontes.

A praia de Boa Viagem é enorme e emenda com Piedade já em Jaboatão dos Guararapes. Eu fiquei hospedado na altura do número 4.000. É um lugar privilegiado, uma vez que ali não existem os ataques de tubarão. Recifes impedem a sua chegada até a proximidade com os banhistas. A linha de ônibus que te leva ao Marco Zero é a de número 32.  Recife, pela confluência de seus rios, é conhecida como a Veneza brasileira. mas tem uma diferença fundamental. Em Veneza são canais, em Recife são enormes braços dos rios Capibaribe e Beberibe. Albert Camus lhe deu um outro nome, certamente bem mais charmoso, exaltando a sua cultura, a Florença brasileira.


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