sexta-feira, 24 de julho de 2020

Guerra e Paz. Leon Tolstói. Volume III.

Se o volume II de Guerra e paz de Leon Tolstói era mais centrado nas grandes famílias de Moscou e Petrogrado e nas relações diplomáticas entre a França de Napoleão e a Rússia de Alexandre, o terceiro volume é guerra pura. São mais 395 páginas para descrever os avanços de Napoleão, já em território russo, penetrando em seu coração. Napoleão conta com uma exército europeu de 800.000 homens e vai ocupando as cidades que estão no rumo de Moscou. Ocorre a tomada de Smolensk e as famosas batalhas de Chevardino e Borodino, esta praticamente decisiva, e a chegada a Moscou, encontrando a cidade abandonada.
Guerra e paz. L&PM. Volume III. Vejam na capa o incêndio de Moscou - 1812.

Este livro se divide em três partes: A nona se ocupa da entrada de Napoleão na Rússia (Smolnesk), a décima nos avanços em direção a Moscou, com um grande destaque para a descrição da batalha de Borodino e a décima primeira, sobre as estratégias dos dois lados, dos franceses para tomarem a cidade e a dos russos de a abandonarem e a incendiarem. Quanto aos personagens ganham grande destaque, Kutuzov, o sereníssimo, comandante geral do exército russo, Pedro, um personagem que continua absolutamente confuso e André e a sua luta entre a vida e a morte. A força do livro continua nas análises da guerra e na caracterização existencial, humana ou não, dos principais atores envolvidos na trama.

Na nona parte, como vimos, Napoleão já se encontra na Rússia. Tolstói faz uma detalhada análise dos motivos que levaram Napoleão para a tomada de Moscou e sobre os absurdos da guerra. Mas as intrigas nas grandes famílias também continuam. Lembram de André, que perdeu a sua noiva, Natacha, para Anatole? Ele parte para a vingança, mas a guerra altera completamente os planos. O imperador Alexandre vai ao front e troca mensagens com Napoleão. Este está irredutível. A Rússia havia obtido interessantes vitórias na guerra contra os  turcos e, agora, os seus soldados e comandantes reforçam as forças contra Napoleão. Um deles é Nicolau, o irmão de Natacha, que está muito mal, e por isso ele volta para Moscou. É o momento em que Tolstói faz um acerto de contas com os médicos e as suas charlatanices. A autor se torna extremamente ácido.

Na casa dos Rostov (Nicolau - Natacha) aparece Pedro. Pedro é tomado de ternura pela menina Natacha, que supera seus problemas de saúde. O imperador reúne um Conselho de Guerra e começam os recrutamentos militares para fazer frente a Napoleão. O Conselho equivale a uma convocação dos Estados Gerais, que se preocuparam mais com festas do que com a própria guerra.

A décima parte é uma das mais famosas de todo o conjunto do livro. A descrição da batalha de Borodino, a exaltação do valor do povo russo e sobre os significados dessa batalha, considerada decisiva. Foi aí que Napoleão se inflou e decidiu efetivamente a avançar sobre Moscou, embora todas as perdas sofridas na batalha. Esta parte inicia com uma brilhante descrição sobre esse momento da guerra, sobre suas causas, sobre os avanços de Napoleão e os recuos da Rússia. O autor ouve e dá voz aos historiadores, Thiers, em especial, que acompanhavam as tropas. Surge a grande interrogação sobre o matar e o morrer. 

Nas proximidades de Smolensk se situavam as propriedades de André, da poderosa família Bolkonski. O seu pai está, como vimos no volume anterior, se encontrava senil e efetivamente chega a morrer. Sônia, a irmã de André, para agravar a situação, enfrenta uma rebelião de camponeses que se recusam a transportá-la em fuga para Moscou. Nicolau, da família Rostov, passa por aí e restaura a ordem. Nicolau percebe a existência da princesa Maria.

Vários capítulos se ocupam de Borodino, a grande batalha que só teve derrotados. Ela afundou Napoleão no interior da Rússia e provocou a fuga dos russos e os levou à condição do abandono da cidade de Moscou. Tolstói exalta a superioridade moral das tropas russas. A mortífera batalha teve mais de 70.000 mortos.

A décima primeira parte se ocupa dos russos e a tomada da nada fácil decisão de abandonar Moscou e de incendiá-la, com os veementes protestos Rostoptchine, uma espécie de prefeito e os avanços de Napoleão sobre a cidade. A família Rostov ganha novos destaques em sua fuga e a tentativa de levar o máximo de bens possíveis. Estes, no entanto, tem que ficar em Moscou, para dar lugar aos feridos para serem tratados. Entre esses feridos está, entre a vida e a morte, o valoroso André. Natacha nada sabe. O livro termina com Pedro, que fora para a guerra, observando a batalha de Borodino e, agora, se recusando a abandonar a cidade e ainda praticar atos heroicos, antes de sua prisão pelos franceses. O quarto volume promete. Deixo ainda as resenhas dos volumes I e II.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2020/06/guerra-e-paz-leon-tolstoi-volume-i.html

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2020/07/guerra-e-paz-leon-tolstoi-volume-ii.html

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