sexta-feira, 21 de agosto de 2020

A linha de sombra. Joseph Conrad.

Continuo com a leitura dos livros da coleção Biblioteca Folha. Agora foi a vez do fantástico livro de Joseph Conrad, A linha da sombra. A escolha do livro se deu fundamentalmente pelo seu escritor. Conheci Joseph Conrad pelo seu Coração das trevas, livro de 1899, que relata uma viagem sua para o Congo belga, mostrando os horrores do colonialismo. A mesma edição do Coração das trevas, da Companhia das Letras, também contem Um posto avançado do progresso. Coração das trevas serviu de inspiração para o Apocalipse Now de Coppola. Deixo o link, tanto do livro como do filme:

Joseph Conrad me impressionou muito. A linha da sombra teve um título anterior no imaginário do escritor - Primeiro Comando. Faz todo o sentido, pois,  trata-se de uma viagem sua, uma viagem de navio, a primeira na condição de comandante. Esta obra só cabe no imaginário de um experiente marinheiro, conhecedor profundo dos segredos da navegação. Vejamos alguns dados biográficos do escritor, retirados da orelha da contracapa do livro.
A linha da sombra. Biblioteca Folha. 2003. Tradução de Maria Antonia Van Acker.

"Józef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu em 1857, em Berditchev (Ucrânia), numa família de patriotas empenhados em libertar a Polônia do domínio russo. Acompanhando o exílio de seus pais (na própria Rússia), teve seu primeiro contato com a língua inglesa enquanto seu pai traduzia autores como Shakespeare e Victor Hugo. Antes de completar 12 anos, ficou órfão; sua educação foi confiada a um tio materno.

Adolescente, entediou-se com a escola e escolheu a vida no mar. Aos 17 anos tornou-se aprendiz de marinheiro em Marselha, França. Em 1878, mudou-se para a Inglaterra, onde seguiu carreira na Marinha e ganhou cidadania inglesa, com o nome de Joseph Conrad". Aos 38 anos abandona a vida de marinheiro e começa a sua vida de escritor. É considerado um dos maiores estilistas da língua inglesa, língua da qual nunca dominou a fala.

Bem, esse dado biográfico é necessário para entender A linha da sombra. O inexplicável abandono da vida de marinheiro o fez pedir a aposentadoria. Esse plano, porém, não se concretizou. Sob a influência de um capitão amigo, enceta a sua última viagem, na qualidade de comandante de um navio. O livro é do ano de 1917. Vejamos o relato contido na orelha da capa do livro:

"Sem nenhum motivo aparente, um jovem da marinha mercante inglesa resolve abandonar a vida no mar. Está decidido a partir do distante porto oriental onde se encontra para regressar ao país de origem. Mas surge uma última missão e o jovem assume o comando de um velho navio atracado em Bancoc (Tailândia), cujo capitão morrera recentemente em circunstâncias misteriosas.

Sofrendo com as tempestades, a tripulação doente e uma ameaçadora sensação de aniquilamento, o protagonista tenta conduzir o navio a seu destino, ao mesmo tempo em que se deixa levar pelas estranhas histórias de seu imediato, consumido pela febre.

Com domínio total da psicologia das personagens e da situação-limite que vivem, Joseph Conrad (1857-1924) reflete nesta novela, a partir de elementos de sua própria biografia, sobre o rito de passagem entre a juventude e a idade madura - passagem que ele mesmo experimentou ao abandonar a relativamente autônoma vida marítima pela incerta experiência literária".

O romance, ou novela, tem seis capítulos, que num crescendo vão dando os relato diário de uma aventura tocada entre os limites do humano e as forças sobrenaturais. Depois de 17 dias, praticamente sem avançar, detido por calmarias, ele consegue aportar, em "uma navio sem tripulação". Esta fora consumida pela doença, pois se encontrava sem remédios a bordo. A sua façanha termina sem nenhum morto a bordo e por um único convalescente, o sr. Burns, o auxiliar do comandante falecido. É emocionante a dedicação do cozinheiro, Ransome, ao capitão. Ele só adoece com o navio já aportado. O livro tem uma fantástica "Nota do autor", explicativa do ocorrido, nos limites das forças humanas.

O livro é maravilhoso, com o destaque para três personagens. O comandante e a sua responsabilidade, o cozinheiro e a sua leal e sobre-humana dedicação e os delírios do primeiro auxiliar do ex-comandante falecido. Com todas as minhas recomendações. 

2 comentários:

  1. Juntamos as suas recomendações as nossas.As duas artes, a da escrita, da palavra e a arte cinematográfica com o desempenho dos maiores artistas da sétima arte, como Marlon Brando, Duval...e Francis Coppola na direção do filme , o livro Coração das Trevas de Joseph Conrad , é uma literatura fantástica baseada em fatos reais e que também contém o sobrenatural que só a força, a fé, explicam.E o filme Apocalipse Now , se enredam nos mesmos fios condutores da alma humana. SENSACIONAIS!

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  2. Muito obrigado Leni Dias Fabri. Um dos mais belos e pertinentes comentários que esse blog já recebeu.

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