Um dos maiores destaques da mídia internacional neste começo de 2013, foi sem nenhuma dúvida, o presidente uruguaio José Pepe Mojica. Mas qual foi o motivo desta agitação? Mojica é considerado o presidente da república mais pobre do mundo. A sua pobreza é, em grande parte voluntária. O seu jeito simples de ser, ganhou as páginas dos grandes jornais do mundo.
José Pepe Mojica, presidente do Uruguai. O presidente mais pobre do mundo.
O jornal que lhe deu maior destaque foi o New York Times, que o entrevistou e fez chamada da matéria em sua capa. Ao repórter, que o entrevistou, ofereceu uma cachaça uruguaia e o brindou com citações de Espinoza e de D. Quixote. Desta entrevista, uma frase ganhou logo as agências internacionais: Este dinheiro me basta e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos. A que estavam se referindo?
José Pepe Mojica tem hoje 77 anos de idade, dos quais mais de uma década foi vivida nas terríveis prisões do regime militar de seu país, nos anos setenta e oitenta. Fora guerrilheiro Tupamaro, com notável liderança. Foi anistiado em 1985 e, sempre, a sua luta o manteve em evidência, até se tornar Presidente da República nas últimas eleições. Mas o que o faz ser o presidente mais pobre do mundo?
Ao longo de sua vida acumulou um patrimônio material de um pequeno sítio nos arredores de Montevidéu, o Rincon del Cerro. Além do pequeno sítio, um velho fusca azul e um trator para o seu uso agrícola, completam os seus bens.. Já quanto ao seu patrimônio imaterial, ele é imensurável e admirado pelo mundo inteiro.
A propriedade do presidente uruguaio. Um fusca azul, ano 1987.
O presidente, que já fora deputado e ministro de Estado, doa 90% de seu salário de U$ 12.500,00, ficando com apenas U$ 1.250,00, ou seja, algo em torno de R$ 2.5000,00. A sua mulher, a senadora Lúcia Topolansky faz o mesmo. Os 90% de seu salário são destinados a projetos de habitação popular. Esta é a origem da frase que ganhou o mundo, de que este dinheiro lhe basta.
O palácio presidencial vem sendo ocupado com projetos sociais e a residência de verão, da presidência, foi vendido. Isto não ganha a unanimidade dos uruguaios. Entre os mais ricos se encontram as maiores taxas de rejeição ao seu governo.
O Uruguai é um país pequeno. Possui uma população de 3.250,000 habitantes e um PIB de U$ 47 bilhões, que vem crescendo já a nove anos consecutivos. Tem no Brasil o seu maior parceiro comercial com as trocas, atingindo a casa dos U$ 4 bilhões. As taxas de desemprego hoje são baixas e a qualidade de vida é boa.
Outra frase muito comentada foi a de que "os políticos devem dar um respiro para a democracia poder funcionar". Evidentemente que esta frase foi destinada aos políticos da América Latina, sempre preocupados com a reeleição em seus países. O presidente uruguaio descarta qualquer possibilidade de ele vir a fazer isso.
Creio que o único político brasileiro com o qual se poderia traçar um paralelo, seria o Florestan Fernandes que doente, em função de uma transfusão de sangue, foi retirado da fila da saúde pública pelo seu filho, e que recusou um tratamento nos Estados Unidos, que lhe fora oferecido pelo seu ex-aluno, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Talvez o jeito simples e desapegado de ser de Olívio Dutra, também possa merecer uma comparação.
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