Há muito tempo eu alimentava a vontade de conhecer a cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. Me seduzia a sua condição de cidade histórica e especialmente a FLIP, a sua grande festa literária. Como esta sempre se realiza na primeira semana de julho, quando ainda estava em aula, eu não podia ir. Agora, antes do natal, combinei com o meu filho Alexis, que trabalha no Rio, mais precisamente na construção da refinaria da Petrobrás em Itaboraí, de nos encontrarmos nesta cidade e aí passarmos ao menos uns dois dias. Foi o que fizemos.
Eu parti para São Paulo. Revivi a estação do Tietê, que tão familiar me fora na época do mestrado. Fui comprar a passagem para Paraty, mas não tinha mais. Mas o atendente me remeteu para outra empresa e fui para Ubatuba e depois para Paraty. Tudo deu muito certo. Uma bela viagem: São José dos Campos, rodovia dos Tamoios e a descida da serra, Caraguatatuba e Ubatuba.
Em Ubatuba um pequeno atrapalho. A cidade tem duas rodoviárias, uma mais feia que a outra. Imaginei que fosse um terminal de ônibus urbano, mas que nada. São duas rodoviárias mesmo. Ao chegar nesta segunda rodoviária, o ônibus para Paraty já estava de saída e, em pouco mais de uma hora, eu chegava ao meu destino. De novo, uma rodoviária muito feia. Poderia haver um pouco mais de capricho nisso. Eu adoro viajar de ônibus.
Me acomodei numa pousada, uma indicação de um taxista. Não faziam reservas por internet por menos de dez dias. Coisas de pacote. Tive sorte. Ela estava muito bem localizada, com um bom conforto e um ótimo restaurante. Piscina com cascata e tudo mais. Depois de um banho, uma primeira incursão pela cidade, pela sua parte histórica.
Uma vista típica da cidade histórica, com suas ruas calçadas com pedras pés-de-moleque e suas casinhas azuis e brancas.
Quem quiser realmente conhecer algo totalmente diferente de tudo que já viu, deve conhecer esta cidade. As suas pequenas ruas e as suas casas azuis e brancas formam algo muito peculiar. As suas ruas são calçadas com pedras, chamadas pés-de-moleque, que lhe dão uma característica muito particular, mas que dificultam o caminhar. A cidade histórica não é grande. Eu já havia feito antes uma incursão pela história da cidade.
A igreja em torno da qual se formou a cidade.
Oficialmente ela foi fundada em 1667, em torno da igreja de Nossa Senhora dos Remédios. Mas a sua povoação já teria começado entre 1540-1560. A sua primeira riqueza veio com a cana de açúcar e os engenhos e especialmente com a extração do ouro nas Minas Gerais. Chegou a condição de segundo porto brasileiro. É famosa pela estrada do ouro, o Caminho do Ouro da Piedade, que aproveitou trilhas indígenas e que levava de Paraty para Cunha, Guaratinguetá, Lorena e para as Minas Gerais.
Um marco da estrada real, do caminho do ouro de Paraty, na rodovia que liga Paraty a Cunha.
O auge do progresso da cidade ocorreu em 1851, quando chegou a ter 16.000 habitantes. Pouco tempo depois, especialmente em função do esgotamento do ouro e do isolamento da região, passou a contar com apenas 600 moradores. Deste isolamento lhe veio a preservação. Paraty é relativamente isolada até hoje. Exemplo disso é o distrito de Trindade, um rústico e primitivo povoado, com uma população ainda dominantemente caiçara. Já em seu tempo histórico, Trindade servia de refúgio para os piratas, o que também favoreceu o declínio da região. Aí se faz o turismo de aventura, com passeios de Jeep, o trekking e as trilhas.
O renascer da cidade se deve especialmente a sua ligação por estradas aos grandes centros, com a abertura da estrada Rio/Santos, nos anos 80. Por ela você chega às praias do litoral norte de São Paulo e ao Rio de Janeiro, numa distância de 242 quilômetros. O hoje sucesso de Paraty se deve, como já falamos, ao binômio isolamento/preservação e muita ousadia e imaginação. A cidade abriga , salvo engano, a terceira maior festa literária do mundo e o festival da cachaça. Nestas ocasiões a cidade fica inteiramente tomada. O festival de jazz e blues está em fase de afirmação.
Sua população gira em torno de 40.000 habitantes e a cidade é considerada patrimônio estadual, desde 1945, patrimônio histórico e artístico nacional, desde 1958 e Monumento nacional a partir de 1966. É dominada pela Mata Atlântica, com o Parque estadual da Serra do Mar, uma importante área de preservação ambiental. Tem matas preservadas, populações nativas, 65 ilhas e mais de 300 praias, muitas delas só acessíveis pelo mar. As ruas típicas formam 33 quarteirões.
Olha o charme da pousada que nos hospedou, Número 001 na rua.
Turismo, pesca e cachaça formam a sua riqueza atual. Não há redes de hotéis, o que faz as pousadas serem um tanto caras, especialmente na temporada e por ocasião dos grandes eventos. Para a FLIP, as reservas nas melhores pousadas estão esgotadas pelos próximos dois anos. A comida é farta, de boa qualidade e relativamente barata.
Vista maravilhosa da cidade, a partir do mar, no passeio de barco.
Ao final da tarde o meu filho veio e já de carro pudemos nos locomover mais facilmente, conhecendo assim melhor esta maravilhosa cidade, seus lugares mais distantes e os seus alambiques. Amanhã faremos o passeio de barco.
Realmente uma bela cidade, foi sem duvida um belo passeio, lugares e pessoas agradaveis, passeios belos, boas cachaças.
ResponderExcluirSeu Pedro, realmente Parati é maravilhosa, belo passeio.
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