sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Os Dez Maiores Romances Brasileiros.

Gosto de rankings. Eles nos dão muitas informações, tanto úteis, quanto inúteis. Sempre nos dão uma ideia do que está se passando. Está fazendo furor agora, a relação da revista Forbes em que constam os pastores mais ricos do Brasil. Os Cristiano Ronaldos da pregação, como ouvi de um desses pastores, no programa da Marília Gabriela.(Eu mereço!) Me preocupa muito saber se Eike (nas rodas sociais - pronuncia-se Aike) Batista é, ou não, o mais rico entre os braisileiros e coisas assim. Mas, vamos elevar o nível.

Este ranking dos maiores romances da literatura brasileira foi publicado pela Revista Acadêmica, de periodicidade irregular. Seus números só saíam quando havia publicidade contratada para editá-la. Uma de suas maiores façanhas foi exatamente este, da publicação de um ranking dos dez maiores romances da literatura brasileira, de todos os tempos. Para chegar ao ranking foi realizada pesquisa, muito restrita por sinal, porém, qualificada.Votavam apenas esrcitores.

Machado de Assis foi o grande vencedor. Compareceu com duas obras: Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Quem nos apresenta o resultado, não se lembra direito da ordem, em sequência exata. Vai puxando a lista pela memória:

Dom Casmurro - Machado de Assis;
Iracema - José Alencar;
Memórias de um sargento de milícias - Manuel Antonio de Almeida;
 O Cortiço - Aluísio de Azevedo;
Os Corumbas - Amando Fontes;
Angústia - Graciliano Ramos;
Banguê - José Lins do Rego;
Caminhos Cruzados - Érico Veríssimo;
Macunaíma - Mário de Andrade;
Jubiabá - Jorge Amado.
O ranking dos dez mais e da conversa entre Jorge e Graciliano está neste maravilhoso livro de memórias de Jorge Amado. É da Companhia das Letras.

Agora eu contextualizo e dou a fonte. A fonte é Jorge Amado, em seu Navegação de Cabotegem, na página 268. A pesquisa é real. Mas é interessante observar a data. Ela é de 1939. Quantos desses escrirtores permaneceriam na lista? Com certeza que Jorge Amado e Érico Veríssmo continuariam lá como autores, mas se superaram em matéria de livros. Machado de Assis e Mário de Andrade continuariam com cadeira cativa e... mais não me arrisco a dizer, além de mais uma unanimidade, creio: Grande Sertão veredas. Graciliano está sendo redescoberto.

O anúncio do ranking vem acompanhado de conversa de Jorge com Graciliano. Sempre uma delícia. Aliás o livro é todo de conversas. Com Picasso, com Neruda, com Sartre... Querem mais? Mas vejamos as observações de Jorge Amado:

"O concurso foi acompanhado com interesse por escritores, agitou os meios literários, provocou debates na livraria José Olympio, no consultório de Jorge de Lima, na redação de Dom casmurro, mas ninguém contestou o resultado. Não sei tampouco de romancista que tenha cabalado voto, se o concurso dos dez mais acontecesse hoje ia ser um deus nos acuda com cabo eleitoral e leilão de sufrágios. Um detalhe para que se saiba como era malvista, na época, a literatura de Oswald de Andrade: o rebelde paulista só obteve um voto, dado por mim a Serafim Ponte Grande, meu e único".

4 comentários:

  1. Diria que "Memórias de um sargento de milícias" merece uma tenção especial, é divisor de águas em diversos aspectos, traz à tona a figura do malandro e da Gênese do famoso jeitinho brasileiro. Há muitos estudos a esse respeito, a figura picaresca do protagonista e nossa formação enquanto povo. Interessantes as leituras. Na sequencia te passo. Sobre os demais livros: Machado é universal, idem Veríssimo, Graciliano e Mário. Os outros, tenho cá minhas dúvidas...

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  2. Que maravilha Cláudia. O interessante é flagrar o momento. Como a era a visão da época. Um registro histórico. Meus agradecimentos.

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  3. Os melhores para mim, são: O tempo e o vento, marco da literatura brasileira, do imortal Erico Veríssimo, Chuva crioula, Rosinha, minha canoa e O meu pé de laranja lima, do esquecido José Mauro de Vasconcelos, O cortiço, Aluízio Azevedo, Anarquistas graças a Deus da Incomparável Zélia Gattai e Capitães da areia de Jorge Amado. Claro que não posso esquecer Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos e tantos outros. É a melhor literatura do mundo.

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  4. Agradeço o seu comentário. O Tempo e o Vento é uma obra incomparável. Adoro o Graciliano Ramos, o Dostoiévski dos trópicos, o Jorge Amado e a Zélia Gattai, a nossa maior memorialista. Vou parar por aí. Temos realmente uma literatura extraordinária.

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