Recebo e-mail da Travessa. Me apresentam As Caras e as Máscaras. Gosto da Travessa, mais da real do que da virtual. Não interrompo nem mesmo o recebimento de seus e-mails.
As Caras e as Máscaras me faz lembrar que estamos no carnaval. Mas ao abrir o e-mail, estas caras e máscaras não me remetem ao carnaval, mas sim ao mensalão. Mais um livro sobre o Mensalão, de autoria de Merval Pereira e, absolutamente estranho, com prefácio de Carlos Ayres Brito. Não seria estranho se ele não fosse ministro do STF. O título do livro: Mensalão - O dia a dia do mais importante julgamento da história política do Brasil, pela Record. Já vem com desconto de liquidação, no seu lançamento.
Teria sido o maior julgamento ou o maior espetáculo jurídico do país? Atores principais e coadjuvantes!Uma semi paralisação da maior instituição do judiciário brasileiro, se ocupando por meses, com um único caso. Quais foram as suas consequências? O que mudou na história política do País? Por que um tipo de mensalão é julgado e transformado no maior e no mais importante, e outros, não são nem mesmo levados a julgamento?
Mas eu quero me ocupar de carnaval. Uma das festas mais belas de todos os tempos. Uma festa de Dionísio. Uma festa de Baco. Uma festa de fartura e de alegria. Uma festa de espantar tristeza, de mandá-la para longe. Uma festa de agradecimento e congraçamento do homem com a natureza. A bondade humana reverenciando a bondade da natureza, feita Pachamama. Festa em que os seres humanos se inebriarão com as dádivas generosas da natureza, com os seus melhores frutos. O maior presente de Dionísio, o deus amigo dos humanos, afinal, foi a uva, milagrada nos oderes e sabores do vinho.
Dionísio, o amigo dos homens. A maior dádiva que os humanos já receberam de uma divindade. E olhem a fartura de uvas.
Dionísio transformado em Baco e já inebriado de sua principal dádiva.
Ouço dizer que não existe mais carnaval. Que carnaval é coisa para turista e para a televisão. Já estive na Bolívia, mas não em Oruro. Ainda pretendo ir, não precisa nem ser no carnaval. Lá ele ainda existe. Ele é remanescente de milhares de anos de história. Festa de agradecimento à Pachamama, a mãe natureza, por suas generosas oferendas. Embora tenha sofrido inúmeras adaptações cristãs, mantem muito de sua originalidade e é declarada Patrimônio Oral e Imaterial da humanidade, pela UNESCO.
Ouço dizer que não existe mais carnaval. Que carnaval é coisa para turista e para a televisão. Já estive na Bolívia, mas não em Oruro. Ainda pretendo ir, não precisa nem ser no carnaval. Lá ele ainda existe. Ele é remanescente de milhares de anos de história. Festa de agradecimento à Pachamama, a mãe natureza, por suas generosas oferendas. Embora tenha sofrido inúmeras adaptações cristãs, mantem muito de sua originalidade e é declarada Patrimônio Oral e Imaterial da humanidade, pela UNESCO.
A Pachamama sendo reverenciada pela sedutora Carmen.
Mas cristianização lembra demonização. Dos carnavais de minha infãncia só lembro pregações. Tentações, festa da carne, pecados e os horreres do inferno. Passava depressa, para já na quarta feira receber as cinzas e nos lembrar da terrível realidade: Memento homo, quia pulvis es et in pulverem verteris. E com esta terrível advertência seguíamos adiante no caminho sem máculas, das virtudes cristãs.
Como recebi ao longo da minha vida muitas admoestações, também faço aqui a minha. É a minha mais séria admoestação para esta festa de carnaval. A encontrei no livrinho de reflexões sobre botecos, O Botecário, do hoje curitibano Dante Mendonça, que se considera o maior milagre já produzido por Nova Trento. Ele encontrou esta frase, que eu transformo nesta admoestação máxima para este carnaval, em Millor Fernandes:
"Não devemos resistir às tentações: elas podem não voltar". Por isso, muito cuidado com elas. Um ótimo carnaval para todos.
Parabens, professor.
ResponderExcluirMeus agradecimentos.
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