sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Diário de uma Viagem. - Assis e Perugia.

Assis é São Francisco. Assis é uma cidade, no alto do monte Subásio, na Umbria, com 25.000 habitantes. A sua fama se deve a São Francisco, ali nascido no ano de 1181. Ele morreu em 1226. Ele é o padroeiro da Itália, junto com Santa Catarina, esta é de Siena, a sua padroeira. Assis é a cidade italiana que recebe o maior número de peregrinos. A Basílica do santo é formada por duas igrejas, a inferior e a superior e um mosteiro. Na parte superior estão os seus restos mortais.
Uma primeira vista de Assis, totalmente dominada pela Basílica de São Francisco.

A construção da Basílica foi iniciada em 1228, ano da canonização do santo, e concluída em 1253. A parte inferior recebeu afrescos, especialmente, de Cimabue, e a superior, de Giotto. Em 1997 ela foi bastante danificada, em função de um terremoto, em suas pinturas e uma parte do teto chegou a ruir. A sua reconstrução demorou apenas dois anos. Assis é também a terra de outra santa, a Santa Clara, que inclusive chegou a ser a namorada de São Francisco, antes de sua conversão. Esta conversão se deu a partir de uma aparição de Cristo, que lhe solicitou a reconstrução de uma igreja na região.
A Basílica de São Francisco. As duas igrejas.

São Francisco é um dos santos mais queridos do catolicismo, especialmente em função de sua predilição pelos pobres e o seu envolvimento com as questões da natureza. Com a reconstrução da igreja, o santo entrou em contato com a população pobre e dialeticamente a contrastou com a riqueza dos comerciantes, originária do lucro, e da Igreja, com a arrecadação do dízimo. Vendeu toda a sua riqueza e se dedicou integralmente aos pobres, fundando a ordem religiosa dos franciscanos. Ajudou também a Santa Clara fundar uma ordem religiosa, com os mesmos objetivos. Fez muitas peregrinações a Roma para mostrar ao papa as suas vivências. Se fosse em outros tempos, talvez a sua sorte tivesse sido outra. Igreja é poder e não existe poder sem dinheiro!
Vista da Basílica em sua parte superior.

As suas histórias são muito populares na Itália e muitas delas estão reunidas nos Fioretti (pequenas flores), uma coleção de contos que envolvem o santo. Um dos mais famosos é a do lobo de Gubbio. Conta a história que esta cidade viva atormentada por um lobo feroz, que tanto atacava os animais como os homens da cidade. O medo fez com que todos andassem armados, criando inimizades também entre os homens. O santo procurou a fera, que percebeu suas boas intenções e entraram num pacto. O animal não mais atacaria os homens e estes cuidariam de sua alimentação. Moral da história: é possível criar situações de entendimento. A imagem do santo com o lobo é um dos souvenirs mais populares na Itália.
Talvez a sua história mais conhecida seja a da pregação junto aos pássaros. Se afastava de suas comitivas e dirigia a eles os seus sermões. Também exaltava muito a visão do paraíso, numa unidade entre a natureza e os primeiros homens. Essas são também as razões pela quais é considerado como o padroeiro da ecologia. Este título lhe foi conferido por João Paulo II, em 1979. São também famosos os seus estigmas.
Vista da cidade de Assis, do alto do Subásio, onde está a Basílica do santo.

De Assis retornamos para Peruggia, onde tínhamos pernoitado. Como já contei, Peruggia é a cidade do chocolate, do jazz e do vinho. A sua localização é excelente. Está distante a 160 quilômetros de Roma e a cem de Florença. Muitas vezes abrigou papas em seus exílios e foi sede de cinco conclaves de eleição do papa. Esta cidade de origem etrusca possui hoje 170.000 habitantes. É dos centros universitários mais famosos da Itália e sedia anualmente um Congresso Internacional de jornalismo. Também é sede do festival do Eurochocolate e do festival de Jazz da Umbria. 
Uma vista da bela cidade de Perugia.

Perugia é uma das cidades que mais restrições faz ao uso do carro no mundo e, para isso conta com um eficiente sistema de transporte público. Essa será sempre a contrapartida necessária. Isso também é válido para Curitiba. O acesso à parte alta da cidade, onde fica o seu setor histórico, é feita por um complexo de escadas rolantes. A subida é cheia de histórias.
Mas o maior envolvimento da cidade é com o chocolate. Esta história eu conto em separado. É muito divertida. No Festival do Eurochocolate (realizado sempre no mês de outubro) foi apresentado em 1999 um chocolate de 400 quilos, saboreado por 28.000 pessoas. O nome de Perugia se deve ao pintor Pietro Vanucchi, conhecido como o perugino. Sua maior glória foi a de ter sido o mestre do pintor Rafael.
O pórtico de uma das igrejas do centro histórico de Perúgia.

De Perugia voltamos a Roma. De novo ficamos num hotel bem localizado, muito próximo daquele da volta da Sicília. Deu até para repetir o restaurante no jantar. Se não tivéssemos feito uma opção para uma permanência em Madrid, onde o avião faz uma escala, estaria encerrada a nossa viagem. Mas ficamos mais três dias em Madrid e em Toledo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Depois de moderado ele será liberado.