terça-feira, 6 de novembro de 2012

Diário de uma Viagem. Verona e Veneza.

Verona não tem apenas Romeu e Julieta. As muralhas da cidade estão super bem conservadas e o seu teatro romano é o terceiro maior de toda a Itália. E com um detalhe. Ele continua funcionando. São intensas as atividades culturais nele apresentadas.
As muralhas da cidade de Verona.

Consta que Verona é uma cidade celta, incorporada ao Império Romano no ano de 89 a.C. A sua incorporação à Itália veio a acontecer apenas em 1866, não sendo, portanto, na primeira hora. Verona junto com Veneza, são as grandes cidades do Vêneto. É dessa região que veio a maioria dos imigrantes italianos do Brasil. Verona tem hoje mais do que 265.000 habitantes. É banhada pelo rio Égide.
O Teatro Romano de Verona. Dá para observar os cartazes com sua programação.

A maior fama da cidade lhe é dada pelo seu casal de namorados, Romeu e Julieta, filhos de famílias inimigas. Os montéquio, pelo lado de Romeu e os Capuleto, pelo lado de Julieta. De uma história original moralista, Shakespeare a transformou em obra imortal. As brigas de facções nas cidades italianas tem a sua origem no século XII, entre Guelfos, partidários do papa e os Guibelinos, partidários do rei, no caso, do sacro Império Romano Germãnico. Depois marcava apenas as brigas internas nas cidades italianas. Essas lutas estão muito presentes, na A Divina Comédia de Dante que, diga-se de passagem, esteve refugiado nessa cidade. Dante pôs muitos Guelfos no seu Inferno.
O balcão da casa de Julieta, onde ela aparecia para ver o Romeu.

Por causa de Romeu e Julieta, Verona é  "a cidade dos namorados". Muitos casais vão à cidade para energizarem relações. Para mim a parte mais bonita de Romeu e Julieta é quando Romeu vai comprar o veneno e dá o dinheiro do pagamento para o farmacêutico e lhe diz:

Aqui está o seu ouro, o pior veneno para a alma humana, o que comete mais assassinatos neste mundo detestável - mais que esses pobres compostos que o senhor está impedido de vender. Sou eu quem estou lhe vendendo veneno; o senhor não me vendeu nenhum. Adeus. Compre comida, e acrescente carnes a esse seu esqueleto. - Venha, licor estimulante. Não és veneno. Vamos até a sepultura de Julieta, pois é lá que devo te usar.


Uma das fotos mais tiradas no mundo. A mão no seio do lado direito de Julieta. O guia nos permitiu isso, afirmando que o Romeu não é ciumento.

A visita pela cidade continuou. Inúmeras igrejas estavam em nosso caminho, o que não é nenhuma novidade
nesse país católico.
Veneza é diferente de tudo o que se possa imaginar nesse mundo. Ela é formada por um arquipélago que se situa no lago de Veneza, no mar Adriático, muito próximo da Eslovênia. Essa sua condição geográfica, em grande parte foi a responsável pela sua grandeza. O domínio do mar os tornava imbatíveis. Primeiramente os arquipélagos eram um lugar de fuga, depois se tornou morada permanente. A sua localização e o seu poderio naval a transformaram na primeira capital mundial do capitalismo. (Um belo livro sobre a evolução das cidades do capitalismo é: Da Alvorada à Decadência - A história da cultura ocidental de 1500 aos nossos dias, de Jacques Barzun, da Câmpus).
Foto tirada na chegada em Veneza.

No Google encontrei alguns números relativos à cidade: 177 canais; 400 pontes e 118 ilhas. A partir do século XII começou a sua grandeza como república autônoma: A Sereníssima República de Veneza. Ser entreposto de mercadorias entre o oriente e o ocidente  e ter sob seu domínio o monopólio da seda e das especiarias, lhe deu essa condição. Inúmeras riquezas que foram pilhadas nas cruzadas estão na Basílica de São Marcos, o evangelista, o padroeiro da cidade.
Vista da Basílica de São Marcos e da praça de São Marcos.

O transporte na cidade é feito pelos vaporettos, os ônibus aquáticos, pelas gôndolas e pelos barcos, que cumprem a função de táxis. Na parte continental da cidade existem enormes estacionamentos, onde são deixados os carros. A visita à basílica foi feita com guia local, dessa vez falando português. Foi a mais fraca de todas. Atendeu ao celular durante a visita, por três vezes. Nada existe na Basílica que não tenha os seus detalhes históricos.
Detalhes do pórtico de entrada da Basílica de São Marcos.

Veneza parece ser uma cidade meio condenada. Especialmente no inverno as marés sobem mais e, você só anda sob elevações feitas. Uma pena. Visitamos também uma fábrica de cristais. Vimos de perto a fabricação dos famosos cristais de Murano. Veneza sempre fora o grande centro produtor de vidro da Europa. Os cristais são de uma beleza rara.
Outra atração imperdível e, única na vida, é fazer um passeio de gôndola. Não deixamos por menos. Por 35 euros você faz o passeio, com direito a champanhe e cantor de ópera. Para isso, estar em grupo é bom. O passeio dura um pouco mais de meia hora.
Passeio de gôndola, com direito a champanhe e cantor lírico.    

O número de turistas na cidade é muito grande. O medo de se desgarrar do grupo é constante. A cidade é também considerada como uma das mais caras da Europa. O guia nos arrumou almoço turístico, mas tomando um chopp, pagamos por um de 500 ml. nada menos do que dez euros. Uma brasileira ao nosso lado pagou sete euros por uma coca cola. Mas valeu.
Um por do sol em Veneza. A torre de São Marcos não me deixa mentir.

Depois disso tudo um merecido descanso. Continuaríamos a nossa viagem, já voltando para Roma, mas no caminho ainda teríamos pela frente as cidades de Pádua, Gubbio, Peruggia e Assis. Além da República de San Marino. Tarefa para mais dois dias.

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