segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Diário de uma viagem. Siracusa - Noto e Agrigento

Siracusa foi uma das mais importantes cidades do mundo antigo. Foi rival de Atenas e de Roma em poder político e econômico. Sua existência data de quinze séculos antes de Cristo e se tornou colônia grega desde 734 a. C.. Foi tomada pelos romanos no ano de 211. A parte antiga da cidade se localiza numa ilha chamada Ortígia, cheia de encantos e de mitos, como o da fonte Arthemisa. Hoje a cidade possui 125.000 habitantes.
A cidade possui dois teatros históricos: O teatro romano e o teatro grego.
Vista do teatro romano de Siracusa.

O teatro grego foi construído no século V a. C. e está bastante bem conservado. Desta vez fomos contemplados por uma acordo entre Brasil e Itália, com o ingresso gratuito nos sítios dos teatros, para quem tem mais de 65 anos. Em Taormina os beneficiados haviam sido os argentinos. No teatro grego existe a famosa orelha de Dionísio.
A orelha de Dionísio, no magnífico cenário natural onde se encontra o teatro grego de Siracusa.

É impressionante o gosto que os gregos tinham pelo teatro. Eles eram enormes e estão presentes em todas as cidades em que os gregos se fizeram presentes.
Vista do teatro grego de Siracusa.

Na ilha de Ortígia estão as outras atrações históricas da cidade. A sua catedral, construída no século XVIII sobre as ruínas de um templo para a deusa Atena - que datava do século V a. C., em comemoração da vitória sobre os cartagineses - e a famosa e lendária fonte Arthemisa, envolvendo um dos mais belos mitos gregos: o amor de Alfeu não correspondido por Arthemisa. O caso é o seguinte: Existe em Ortígia, a menos de dez metros do mar, uma fonte de água doce. Qual seria a sua origem? A história chegou a ser narrada, inclusive, por Pausânias. Arthemisa, para não corresponder ao amor de Alfeu ( um dos rios de Olímpia), mergulhou no mar e foi sair exatamente nessa fonte, na ilha. Alfeu, enlouquecido, se transforma em rio, no Peloponeso e atravessa o mar subterraneamente atrás da amada e a encontra nessa fonte. Que maravilha! Quanta imaginação.
A fonte Arthemisa, na ilha de Ortígia, em Siracusa.

Outra atração turística da cidade é a catedral de santa Luzia, padroeira da cidade. Nela se encontra um quadro da santa, pintado por ninguém menos do que o artista Caravaggio. Siracusa ambém é a cidade natal do matemático e físico Arquimedes, um dos maiores cientistas do mundo antigo.
A catedral de Siracusa, na ilha de Ortígia.

Antes de seguirmos para Noto almoçamos em Siracusa, já na parte continental. Foi talvez o pior almoço da viagem. Não consegui comer um bife, de tão duro que ele estava. Mas enfim, seguimos para Noto, uma cidade que, injustamente, também não figura nos grandes roteiros turísticos. Ela se notabiliza pelos seus templos barrocos, construídos ao longo do século XVIII, sobre os escombros dos vários terremotos, frequentes na região.
Uma das igrejas do barroco siciliano, na cidade de Noto.

Noto é hoje uma cidade pequena, algo em torno de 25.000 habitantes. Na tarde em que aí passamos também havia uma bela feira de produtos agrícolas. A região se destaca pela produção de amêndoas. As amendoeiras formam um belo espetáculo na época de sua floradas. Revestem tudo de branco, com as suas flores. Algo comparável à florada dos nossos pessegueiros, só que em outro tom. Mas a tarde ainda nos proporcionaria outra das grandes surpresas da viagem. A beleza do Vale dos Templos, em Agrigento.
Quando se fala que se conhece melhor a arquitetura grega visitando a Sicília do que a própria Grécia, certamente se tem em mento a cidade de Agrigento e o seu famoso Vale dos Templos, onde se encontram os conservadíssimos templos de Hera, Concórdia e de Zeus. A noite os templos recebem uma iluminação especial. Como chegamos a noite, foi feito um tour panorâmico para vê-los mais de perto. Na manhã seguinte os visitaríamos, com acompanhamento de guia local.
Vista do templo de Hera em Agrigento.

A guia mais uma vez proporcionou um show de conhecimento. Os templos estão interligados e fizemos uma longa caminhada, facilitada pelo declive do terreno. Hera é a divindade ligada à fertilidade e as suas festas eram orgiásticas, nos contava a guia, que também nos contava da adaptação desses templos aos interesses cristãos, quando não os destruíam. Isso acontecia especialmente com as esculturas.
Templo da Concórdia em Agrigento.

Todos os templos são do estilo dórico. O período de maior espelendor dessa cidade remonta aos séculos VI e V a. C., chegando a ter mais de 300.000 habitantes. Hoje possui 55.000. Chegou a ser administrada pelo modelo da democracia grega, sendo famoso o episódio em que Empédocles se recusou a ser um de seus governantes.
O templo de Zeus, em Agrigento. Foi considerado o maior de todos os templos da antiguidade.

Seguramente que Agrigento foi uma das maiores maravilhas da viagem. Ainda não falei, mas o guia dessa excursão pela Sicília, era um cidadão grego de nome Nikos. Gente boa, finíssima. Agrigento também notabilizou-se na literatura, por ser a cidade natal de um de seus Nobéis, Luigi Pirandello. Amanhã tem mais: Érice Trápani e Palermo.

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