Palermo, como já vimos é a maior cidade da Sicília e a quinta cidade italiana e tida como a mais caótica de todas. A pobreza, o desemprego, a criminiladade e o seu trânsito caótico a marcam.. Possui em torno de um milhão de habitantes. Todos esses fatores negativos, no entanto, não conseguem diminuir a sua beleza e o seu encanto. Talvez ela seja também a mais eclética de todas as cidades italianas. Praticamente todos os povos ali estiveram e deixaram as suas marcas. Por ali passaram gregos, fenícios, cartagineses, romanos, bizantinos, árabes, normandos, franceses, espanhóis, austríacos e ingleses.
O nosso dia se iniciou em Monreale, uma cidade próxima, com uma população de 40.000 habitantes. A maior atração da cidade é a sua catedral - o Duomo Santa Maria la Nuova - cuja construção foi iniciada em 1174, por Guilherme II, o Bom, rei da Sicília, que a teria construído com o ouro acumulado por seu pai, Guilherme I, o Mau. A sua construção seria um pedido da própria Santa Maria.
Uma cena interna da catedral de Monreale.
A beleza deste Duomo está especialmente na sua parte interna. Sofre influências árabes, normandas e bizantinas e se destacam os seus maravilhosos mosaicos. O seu tamanho é gigantesco. Para ter uma idéia, a largura do olho do quadro acima, possui 30 centímetros. Fomos acompanhados por guia local. Só que a gente se perde no volume de informações. Não dá para acompanhar tudo.
O Duomo de Santa Maria la Nuova, em Monreale. A sua riqueza é interior, mas já na sua fachada dá para ver a presença de diferentes estilos.
A riqueza da igreja está em seus mosaicos e pelos mais de mil e quinhentos quilos de ouro que a enfeitam. Conforme a guia, é a terceira maior igreja com mosaicos do mundo, perdendo para Santa Sofia, em Istambul e para a catedral de Milão. A guia também fez interessantes observações políticas. Falando das riquezas da Sicília, ela as contrastou com o abandono político da região, a partir da Unificação Italiana (1860). Todos os recursos são desviados para o norte rico e industrializado, nos dizia ela. Isso me fez lembrar Gramsci e "A Questão Meridional". Sobre a Itália faremos observações mais adiante. Mas os noticiários da TV são totalmente dominados pela crise.
Mais uma das vistas da catedral de Monreale.
Em Monreale pegamos a nossa primeira chuva na viagem. Chuva forte. Na volta a Palermo a cidade estava simplesmente alagada. Nos falaram que fora a primeira chuva desde maio (era 31 de agosto). Isso é normal por lá. E nós por aqui aprendendo que existe pobreza no nordeste por causa da seca. Eles convivem com ela. No entanto a sua agricultura é muito rica, com a presença da irrigação. A chuva foi rápida e não nos atrapalhou. Os masaicos não estão presentes apenas no interior da igreja. São também o principal produto das lojas de souvenir.
De volta a Palermo fomos a outra catedral, o Duomo, construído em 1184. Como dá para notar, construída quase simultaneamente com a de Monreale e obviamente em caráter de competição. Se a catedral de Monreale se destaca pela riqueza interior, a de Palermo ostenta a sua grandeza em sua parte exterior.
O Duomo de Palermo. A sua imponência maior é externa, enquanto a de Monreale é interna.
As nossas visitas em Palermo passaram, além da catedral, pelo Palácio Real, pela Piazza Pretória e pelo seu famoso mercado. A Piazza Pretória possui belíssimas estátuas da mitologia greco romana e todas estão totalmente nuas, para grande escândalo na época de sua construção. Comenta-se que houve grandes protestos organizados pela Liga das Senhoras Católicas.
A Piazza Pretória em Palermo.
O mercado também é um ponto interessante. Vi também que Palermo é a cidade onde nasceu Tomasi di Lampedusa, aquele do famoso princípio do "mudar para não mudar", encontrado em seu O Gatopardo, que deu origem ao inigualável filme do mesmo nome, ou O Leopardo, já na tradução, de Luchino Visconti e estrelado por Cláudia Cardinale, no auge de seu esplendor.
Cena do mercado de Palermo. Beringela diferente da nossa.
A mexicana, aquela do banho igual aos dos mais pobres de seu país, continuava dando o seu show diário, com as suas malas, exigindo carregadores. Hoje ela foi além. Reclamou com Nikos sobre os roteiros. Como existe gente mal humorada nesse mundo. Parece que são temperadas permanentemente em um barril de vinagre.
Os ferrys que fazem o transporte entre Palermo e Nápoles.
Ouvindo fortes rumores de que a máfia estaria querendo acertar contas conosco tomamos providências para deixar a Sicília. Fizemos isso tomando mais uma vez um ferry, que nos deixaria, no amanhecer do dia seguinte, em Nápoles. A EuropaMundo procura oferecer os mais variados tipos de atrações em suas excursões. Se alguém me perguntar sobre a realização da viagem dos sonhos de sua vida, não terei dúvida nenhuma em afirmar: vá para a Sicília.
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