O tour por Roma nos deixou na Praça de São Pedro. Depois das primeiras fotos, entramos na fila para a visita ao interior da basílica. A minha única exclamação diante de tudo aquilo era essa: Quanto poder! Que demonstração de poder. Ouvindo o hino do Vaticano (Ó Roma eterna, dos mártires, dos santos...) lembrei dos tempos do seminário, quando a gente participava de um coral que ia cantar na catedral de Porto Alegre e, exatamente uma das músicas que a gente cantava, era o hino do Vaticano. Tudo muito grandioso e majestoso. Segue uma dica para quem faz a visita. O básico exigido é que, por parte dos homens os joelhos estejam cobertos, isso exclui shorts mais curtos. Para as mulheres, as exigências são um pouco maiores. Além dos joelhos, também os ombros devem estar cobertos. E isso é fiscalizado e cobrado. Não discordo disso. É uma questão cultural e isso eu respeito. Não enquadro isso como sendo uma questão moral.
Na basílica fotos e mais fotos. Elas são permitadas inclsive com flash. Isso significa que tudo o que está exposto no Vaticano são réplicas. Todos os originais estão em museus.
Não fomos a Capela Sixtina por um erro de cálculo, imaginando que teríamos mais uma data livre em Roma. Paciência é impossível fazer tudo em Roma e a rigor, nada poderia ser excluído. Estas imagens de São Pedro, do Vaticano, que serão obviamente revistas através das fotos, são das coisas mais marcantes desta viagem.
Após essa demorada visita fomos procurar almoço. Nos familiarizamos mais com o que e como são servidas as refeições em Roma e na Itália e creio que de uma maneira geral em toda a Europa (ao menos na Alemanha também era assim). Uma refeição completa é composta de uma entrada, normalmente alguma salada, de um primeiro e de um segundo prato. No primeiro vem o prato em si, uma macarronada, uma pizza (elas são enormes e sempre servidas individualmente e são servidas também no almoço). No segundo prato normalmente é servida alguma carne. É habito entre os turistas pedirem apenas um prato. Assim sendo, mesmo em Roma, que é uma das cidades mais caras, a refeição se torna barata, em torno de dez a quinze euros. Nas cidades do interior são servidos os tais de pratos turísticos, ou então o prato do dia, o que também fica bem mais em conta. A bebida, especialmente a cerveja sempre é bem mais cara do que a nossa.
Pela tarde tínhamos que nos virar por conta. Isso não é difícil em Roma. Os locais são muito próximos e tudo realmente é histórico e bonito. Também me tinha preparado pelo Google, com buscas, tipo um dia em Roma... Na saída do Vaticano fomos até o Tibre e aí você se depara com as suas pontes. A primeira que encontramos foi a Ponte e o Castelo de Sant'Angelo. O Castelo foi construído para ser o Mausoléu do imperador Adriano e recebeu o nome de São Miguel, numa visão que o papa Gregório Magno teve de S. Miguel, que apareceu numa procissão que pedia o fim da peste em Roma.
Enveredamos pela parte barroca de Roma e nosso primeiro achado foi a praça Navona, onde se encontram três fontes, uma mais linda que a outra. Continuamos o caminho em direção a Fontana di Trevi, quando passamos pelo Pantheon, que é apresentado como o monumento antigo mais bem conservado de Roma. A sua construção é atribuída a Agripa (Pantheon de Agripa) e remodelado por Adriano, (em homenagem a todos os deuses) a Adriano, mais adiante, dedicaremos alguma coisa a mais, em função de sua grande preocupação com as artes com a Grécia e com o direito. (Memórias de Adriano). Ele procurou ser um bom imperador.
O templo foi totalmente cristianizado, isto é, transformado numa igreja, a igreja de Santa Maria dos Mártires (todos os santos da igreja, para manter a relação entre deuses - mártires e santos, abolindo obviamente a questão dos deuses pagãos).
Andando mais um pouco e cruzando a Via del Corso, uma das mais centrais de Roma e ótima referência para se localizar, deparamos com a Fontana di Trevi, tida como a maior obra do barroco de Roma e que foi imortalizada no cinema por Fellini.
Fontana di Trevi. Nos tempos históricos de Roma era o terminal de um aqueduto (da virgem retrada no monumento) É uma construção do sec.XVIII, portanto, também monumento moderno. O grande homenageado é Netuno.
Ela nos ofereceu um belo espetáculo e também uma cena decepcionante. Uma turma de bêbados tomando banho na fonte. Adivinhem o resultado: foram todos eles presos. A esta altura também descobrimos que existem pequenas mercearias que vendem de tudo, iclusive tem as geladeiras com cerveja e o custo da mesma ficou reduzida pela metade. Uma garrafa por três euros. Eles estão tão habituados a isso, tem inclusive abridor de garrafa junto ao caixa. Falar em aqueduto, em fonte, em água, enfim, a água de todas as fontes é potável e além de potável ela é gelada. Isso é uma maravilha, especialmente quando as temperaturas se elevam para os 40°.
A esta altura já tínhamos adquirido autonomia para andar em Roma, sem se perder. Estava chegando a hora de encontrar a turma no Transtevere. Voltamos para a ponte Sant'Angelo, atravessamos o Tibre e o margeamos pela sua direita, até o local combinado. No caminho encontramos uma destas feiras de verão. Livros, quadros, fotos antigas, artesanato e souvenirs por um longo trecho. Pena que o tempo já estava escasso. A passagem foi muito rápida. O Trastevere seria assim algo comparado ao nosso Batel, aqui em Curitiba, embora eu não considere que as comparações sejam uma boa prática. O ônibus do tour panorâmico nos levou de volta ao hotel.
O dia seguinte, um domingo, era um dia inteiramente livre, isto é, sem nenhuma atividade que constasse do pacote. Fizemos a compra dos suprimentos básicos para o lanche da noite e mais uma vez de táxi fomos para a cidade. Descemos no altar da Pátria. Os mapas foram devidamente estudados, o que em muito facilitou a nossa tarefa. Junto ao Altar da Pátria vimos o que faltara em relação ao Palatino, vendo os locais onde funcionava a administração da Roma Antiga, entre elas o local do Senado. Muita história. No outro lado estão os mercados de Trajano. A paisagem hoje é dominada pela coluna de Trajano
A Coluna de Trajano.
Junto ao Altar da Pátria também está a sede do governo da Itália, local onde são feitas as grandes concentrações populares, desde os tempos das falas fanatizadoras de Mussolini, até os protestos contra Berlusconi nos tempos recentes.
Pela Via del Corso seguimos até a outra extremidade da cidade, na praça del Popolo, voltando pela mesma via posteriormente, até encontrarmos a Praça di Spagna e a igreja de Trinitá dei Monti. Esta praça é uma das mais emblemáticas da igreja católica. Era um dos locais favoritos para a proclamação de seus santos. Com o tempo foi sendo ponto de encontro de artistas e nas ruas em seu entorno estão hoje as lojas de grife, as mais famosas da Itália e do mundo. Isto não era para nós. Mas este fenômeno é interessante para ser observado: todas as lojas de grife estão nas ruas, não só em Roma. Isso se repete em todas as outras grandes cidades visitadas. Não fomos a shopings, mas deduzo que eles são muito mais uma instituição nossa e por razões óbvias: a segurança.
Visitamos mais uma vez a Fontana di Trevi, na passagem para o palácio Quririnal. Este já foi moradia oficial do papa, palácio dos reis italianos depois da unificação e, atualmente, serve de residência para o presidente da república.
Palácio Qurinal. Foi residência de papas, dos reis italianos após a unificação e é hoje o palácio residência do presidente da república italiana.
O último projeto para este dia, também seria o seu ponto máximo. A visita ao Campo dei Fiori, o local da execução de Giordano Bruno, no ano de 1600. Não vou falar dele aqui, o que eu com certeza não conseguiria fazer bem e nem é o objetivo O que eu recomendo é que vejam o filme Giordano Bruno numa magnífica interpretação de Gian Maria Volonté. Creio que é este o filme que mais vezes vi na minha vida. Uma das tantas vítimas da intolerância religiosa. Neste campo dei Fiori está situado hoje um mercado. Neste mercado comprei um primeiro souvenir um pouco mais sofisticado, uma estátua de Baccio, o deus do vinho, um dos meus "deuses" preferidos, assim como Giordano Bruno é um dos meus "santos" preferidos".
Assim encerramos o nosso dia livre em Roma, mas antes uma cerveja para encerrar o dia, antes de voltar para o hotel. Uma coisa estranha vários taxistas não sabiam a localização do nosso hotel.
Um chope para encerrar o dia, junto com o meu colega, professor Sérgio Marson, neste belo campo dei Fiori, onde está o monumento em homenagem a Giordano Bruno. Também é um local de concentração de restaurantes. Na mesa também está a estatueta de Baccio.
Bem. Amanhã, para a Grécia. Mas no caminho tem mais Itália e travessia do mar Adriático.