Depois de alguns pequenos problemas na saída em Roma, teríamos pela frente 330 Km até chegarmos ao porto de Ancona e iniciar a travessia pelo Mar Adriático, o que por si só já gerava inúmeras expectativas. Como Roma fica na costa oeste (Mar Tirreno) e Ancona a leste (Mar Adriático), teríamos que atravessar a cadeia de Montanhas dos Apeninos, a chamada espinha dorsal da Itália, que perpassa toda a sua região central, desde o extremo norte até o sul. Ao norte estão os Alpes que, já separam a Itália dos outros países europeus. Assim a cadeia de montanhas italiana é a cadeia dos Apeninos.
A primeira cidade pela qual passamos foi a Áquila, capital da região dos Abruzzos, uma das regiões administrativas da Itália, da sua parte central. Não paramos. Embora a origem de Áquila seja antiga, a sua condição atual remonta ao século XIII. Ela se tornou famosa em 2009 pela tragédia que a envolveu. Um terremoto, que matou mais de cem pessoas e que desalojou cinquenta mil dos seus cerca de sessenta mil habitantes. Todo os seu centro histórico foi atingido. Para enorme azar da cidade, para além da tragédia, é que a sua reconstrução coincidiu com o período em que a Itália foi atingida pela sua atual crise econômica. Os planos de austeridade impedem a sua reconstrução.
A cidade a ser visitada neste dia foi a cidade de Loreto, importante centro turístico, do chamado turismo religioso. Lá está o santuário da "santa casa", que seria a casa onde nossa senhora, ou Maria teria morado com José e o menino Jesus, após a volta da fuga para o Egito. Ainda, a casa seria a mesma em Maria teria nascido e recebido a visita do anjo e que teria sido transportada para Loreto pelos anjos. Haja imaginação! Este fato, do transporte aéreo desta casa, fez com a igreja católica transformasse Nossa Senhora de Loreto na santa protetora e padroeira da aviação.
Monumento em homenagem a Nossa Senhora de Loreto, padroeira da aviação, junto a sua Basílica (ao fundo), na cidade de Loreto.
Esta "santa casa" é considerada como a maior relíquia da igreja católica fora dos lugares da chamada terra santa. A igreja Basílica é enorme e as suas pinturas envolvem especialmente quadros bíblicos relativos a Nossa Senhora. A "santa casa" está guardada no interior desta Basílica. Imaginem a quantidade de souvenirs religiosos nas proximidades desta igreja. É também interessante observar que a Itália não é um país laico, é um país católico, apesar de figuras como o Berlusconi. A cidade é medieval e os seus muros são muito bem conservados.
Vista da parte interior da Basílica de Nossa Senhora de Loreto, onde está guardada a "santa casa", a casa de Maria.
Após o almoço fomos até Ancona, uma cidade portuária, em que a grande atividade do seu porto é o turismo de barcos, com saídas para a Grécia e para os países do Adriático, do outro lado, onde está a Albânia e a antiga Iuguslávia, para não nominar todos os países que a formavam. O movimento é intenso. Dêem uma olhada no mapa e vejam o quanto se ganha na travessia marítima, em comparação com a travessia terrestre.
As 16:30 hs., hora italiana embarcamos num ferry, um enorme navio de cruzeiro, rumo a cidade grega de Igumenitsa. No ferry, o ambiente era efetivamente o de um cruzeiro. Suponho que havia festas de formatura e a turma entornava todas. Falaram que os estudantes eram da Eslovênia e eu sem investigar acreditei. Por que acreditei? Eu já tinha ouvido falar em "sereias eslavas" e como agora eu vi "sereias eslavas", acreditei que elas realmente existem. Eta imaginação! Acima falei de hora italiana, isto é em função do fuso horário. Para a Grécia se adianta o relógio em mais uma hora. Fomos instalados em confortáveis cabinas, mas nem todos se instalam nelas. É uma questão de preço. Falarei mais disso, quando estivermos voltando da Grécia. O percurso durou quinze horas.
Amanhã relatarei sobre as experiências, já estando em solo grego. Da minha parte ao menos, o interesse desta viagem se concentrava mais na Grécia.