terça-feira, 6 de agosto de 2013

Diário de Uma Viagem. Lisboa I. Um pequeno histórico de Portugal e de Lisboa.

Vamos começar com um pouco de história. É sabido que a mais antiga presença, no que hoje são as terras portuguesas foram os fenícios, mas quem de fato ali se estabeleceu foram os romanos, a partir de 216 anos a.C. Genericamente toda a região se chamava de Hispania, mas em particular, a área entre os rios Tejo (Lisboa) e o Douro (Porto) recebeu o nome de Lusitânia.Com o esfacelamento do Império Romano, passaram por ali algumas tribos germânicas, mas agora, quem efetivamente ali se estabeleceu foram os árabes, os mouros, no ano de 711, vindos do norte da África. Foram eles que deixaram em toda a Península Ibérica as maiores marcas culturais e históricas pela sua longa presença, mais tempo na Espanha do que em Portugal. No ano de 1147 eles já tinham sido expulsos de Lisboa, mas permaneceram na Espanha até 1492.
Do Castelo de São Jorge se tem uma das mais belas vistas panorâmicas de Lisboa.

Depois da expulsão dos árabes os portugueses iniciaram a sua aventura marítima, sempre tateando pela costa africana, até realizarem os feitos que os consagraram. Entre os grandes herois portugueses está  Afonso Henriques, que a partir de Guimarães, praticamente funda o país que hoje se chama Portugal.

As colônias, especialmente o Brasil, constituíram a sua grandeza. Portugal perdeu sua autonomia em 1580 para a Espanha, recuperando-a em 1640, quando iniciou-se um novo período de esplendor, com o ouro do Brasil. Os problemas começam a ocorrer com a ascensão e a preponderância inglesa (o fenômeno da industrialização) e especialmente com as guerras napoleônicas e a independência do Brasil. O século XX está fortemente marcado pela participação na primeira guerra mundial, pela longa ditadura militar de Salazar e pelas guerras coloniais, quando perderam as suas colônias africanas. Estas guerras coloniais, me afirmava um dono de bar, com quem eu conversava, representaram para Portugal o equivalente a guerra do Vietnã para os Estados Unidos.
A Torre de Belém. Local donde partiram as caravelas no rumo dos descobrimentos.

 Portugal integrou a Comunidade Econômica Europeia, atual União Europeia (Tratado de Maastricht - 1993) e entrou também na zona do Euro. Hoje vive grave crise política e econômica. É um país moderno, com ótima infraestrutura, muita história e cultura e paisagens naturais fantásticas. A sua costa sul, o Algarve é região de intenso turismo, aproveitando as águas quentes do Atlântico. As águas do norte são geladas. O país é hoje habitado por algo em torno de 11 milhões de habitantes. A prestação de serviços e o turismo são as suas principais fontes da economia, que vive uma profunda crise. Em área é um país pequeno. Apenas 91.985 Km². Mais ou menos a metade do Paraná.

Bem, vamos a Lisboa. Lisboa talvez tenha mais história do que o seu próprio país. É a segunda capital mais antiga da Europa, perdendo somente para Atenas, sendo mais antiga do que a própria Roma. Esta condição lhe é devida em função do excelente porto natural que a sua condição geográfica lhe dá, na foz do rio Tejo, o mais longo rio da Península Ibérica. Sempre foi a grande parada, centro comercial e entreposto de abastecimento para os comerciantes entre o mar Mediterrâneo e o mar do Norte. A sua parte mais antiga é a que situa entre o Castelo de São Jorge e a Baixa.
O Mosteiro dos Jerônimos, possivelmente o mais rico monumento português. O estilo gótico Manuelino.

Lisboa só não é mais histórica ainda porque ela sofreu uma destruição quase que total no ano de 1775, por terremotos em minutos sucessivos, maremotos e incêndios, no primeiro dia de novembro daquele ano, no dia de Todos os Santos. Em torno de 85% da cidade foi destruída. Na época Belém era apenas um bairro distante, que não foi atingido. Assim a torre de Belém e o mosteiro dos Jerônimos, nos arredores, foi preservado. Da parte central da cidade não sobrou praticamente nada. Apenas o bairro de Alfama, o bairro de santo Antônio de Lisboa e habitado por uma população mais pobre, já que os ricos dali tinham saído, exatamente em função do medo dos terremotos. Palácios, igrejas e bibliotecas, em sua maioria, foram destruídos. O que não foi destruído pelo terremoto foi consumido por cinco dias de incêndios, pois, não sobrara ninguém para apagá-los. Quem não morreu fugiu para abrigos mais seguros. Toda a região do Algarve (sul) também foi atingida.
Monumento ao Marquês de Pombal, o representante do despotismo esclarecido em Portugal e um de seus mais importantes homens públicos.

Lisboa foi reconstruída com o ministro Marquês de Pombal, que deu a Lisboa as feições, já de uma cidade moderna, planejada. Pela questão histórica de Lisboa, percebe-se a importância do rio Tejo para a cidade. Ele possui duas famosas pontes. A mais antiga, a ponte 25 de abril, (Revolução dos Cravos) data dos anos 60, tem estruturas de ferro e imita a Golden Gate de S. Francisco. Ao seu lado existe uma estátua do Cristo Redentor, um pouco menor que a do Corcovado. A outra ponte é a Vasco da Gama, a quinta maior ponte do mundo, com mais de 17 quilômetros de extensão. Ela foi construída para o importante evento da Exposição Mundial de Lisboa em 1998.

As principais atrações turísticas são o bairro de Alfama, o Bairro Alto, a Baixa, o Castelo de São Jorge, a Praça do Comércio, o Museu Nacional de Arte Antiga e São Vicente de Fora. No complexo de Belém está a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerônimos, o Monumento aos Descobrimentos e alguns museus. Amanhã eu conto o que nós vimos, tanto em tour oficial, quanto as nossas investidas particulares, inclusive um jantar com o típico canto português do fado.

2 comentários:

  1. Amei teu blog Pedro. Sou filha de portugueses e gostei muito de ler sobre Portugal. Bem didática tua explicação. Voltarei em breve.

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  2. Oi Cláudia. Você foi muito amável em seu comentário. A terra dos teus pais é maravilhosa. A viagem que fiz pela Península Ibérica foi uma das melhores viagens da minha vida.

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