sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Diário de uma Viagem. Barcelona.


Barcelona é uma cidade moderna e grande, a segunda da Espanha. Também é uma cidade modernista. Já em Lisboa, Pedro, o nosso guia de então, nos falava do poder econômico de Barcelona e da Catalunha. Nos contava que a Catalunha representava 30% da riqueza da Península Ibérica, que era maior do que a economia de Portugal e de qualquer país do leste europeu. Também possui forte identidade cultural, falando língua própria, o catalão e alimenta forte desejo de independência, desejo este, aprofundado pela crise econômica espanhola. Isto deverá ser decidido, proximamente, por um plebiscito.
Barcelona é Gaudí e Gaudí e o Templo Expiatório da Sagrada Família. O templo deverá estar concluído apenas em 2026, ano do centenário da morte do gênio. Este é o Portal da Natividade.

As rivalidades regionais são muito fortes em toda a Espanha. Conta-se, que a primeira coisa que os espanhois perguntam a um desconhecido, nunca é o seu nome, mas sempre a região de sua procedência. Barcelona é a maior cidade do Mediterrâneo e também o seu maior porto. O porto, além de mercadorias, recebe também, o maior número de navios de cruzeiros. Estes turistas podem ser vistos com facilidade na famosa Rambla, a avenida que une a Praça da Catalunha com o porto da cidade, numa extensão de uns dois quilômetros. A cidade possui algo em torno de 1.700.000 habitantes e a região, mais de cinco milhões.

A sua localização fez com que sempre fosse uma região muito disputada. A sua história registra a presença de fenícios, que lhe teria dado o nome, numa alusão aos barcos, dos romanos, dos cartagineses e assim por diante, como conta a história, de árabes e  dos cruzados. A cidade sofreu muito na Guerra Civil Espanhola, quando foi o grande baluarte da democracia republicana. Foi a última a se render às tropas falangistas do ditador Franco, em 1939. A sua estrutura moderna veio especialmente com a realização dos jogos olímpicos de 1992 e com o Fórum Universal das Culturas em 2004.
A catedral gótica no centro da cidade. Nas proximidades está também o bairro gótico e medieval.

Visitamos a cidade, acompanhados de guia local, em tour panorâmico. A primeira parada, desta vez bastante generosa e, não poderia deixar de ser, foi para visitar o Templo Expiatório da Sagrada Família, a monumental obra de Gaudí. Iniciamos a visita pelo Pórtico da Natividade, onde, obviamente está representada a Sagrada Família. Continuamos pelo Pórtico da Paixão e terminamos pelo da Glória, totalmente inacabado. É absolutamente indescritível a sensação que você sente diante de um templo tão majestoso. Êxtase total. A lamentar, o não ingresso em seu interior. As filas são quilométricas e aliviam apenas ao final da tarde.

Não obstante toda esta majestade do templo, ele é apenas a segunda atração mais visitada. Em primeiro lugar figura o campo de futebol do Barcelona, o Camp Nou. Vejam o que não faz o marketing deste clube. A Sagrada família é a segunda atração, recebendo mais de três milhões de turistas por ano, que pagam um ingresso de 14 euros. Com a arrecadação deste dinheiro se pretende terminar a sua construção, prevista para 2026, ano do centenário da morte de Gaudí. Com relação a sua conclusão, nos contava o guia, que dificilmente o projeto original de sua construção poderá ser executado, uma vez que o Pórtico da Glória, não poderá ter a sua triunfal entrada, por uma praça, já que a exploração imobiliária se apoderou de toda a área a ela destinada. Ao estar concluída, a igreja terá um total de 18 torres. Para completar, o terceiro lugar mais visitado é o museu Picasso, que concentra as obras de sua juventude.
O controvertido supositório, o prédio da companhia de águas da cidade, visto do alto da colina de Montjuic. A noite ele fica iluminado com as cores do Barcelona futebol clube.

Gaudí dedicou 40 anos de sua existência à Sagrada Família, dos quais os últimos 15, com exclusividade. As obras foram iniciadas em 1882 e assumidas por Gaudí em 1883. Gaudí modificou o projeto, que de neogótico passou a ser modernista. Gaudí morreu atropelado numa das ruas de Barcelona, quando ia a uma igreja para rezar, não sendo sequer reconhecido imediatamente. Distrações de gênio, certamente. As obras da Sagrada Família continuaram com discípulos seus. De Gaudí se conta a história, de que o reitor da universidade, ao lhe conferir o diploma de graduação, teria dito, não saber se estava formando um gênio ou um louco. Hoje, à distância, podemos afirmar, com certeza, que foram os dois.

O nosso tour continuou. O ônibus nos levou para a colina de Montjuic, o maior parque de lazer da cidade e donde se tem vistas panorâmicas maravilhosas. O parque foi criado a partir da Exposição Internacional de 1929 e, especialmente para os jogos olímpicos de 1992. Prosseguimos o passeio pela área portuária, também totalmente reformada para o evento das olimpíadas. No porto tem um enorme monumento que cultua a memória de Colombo. A volta de Colombo de sua viagem à América, se deu nesta cidade de Barcelona. O tour terminou no centro da cidade, em frente a bela catedral, em estilo gótico. Nas proximidades se situa o chamado bairro gótico, a área medieval e histórica da cidade.
Monumento dedicado a Colombo na área portuária da cidade.

Almoçamos em plena La Rambla, observando todo o seu movimento e ainda tivemos toda a tarde para, livremente, nos movimentarmos pela cidade. Calor e cansaço dificultaram a empreitada. Parece imperdoável não termos visitado o Parc Guell, a mais colorida das obras de Gaudí. OParc Guell é Patrimônio da Humanidade. O nosso hotel situava-se em Poblenou, bairro bastante populoso da cidade. Nas proximidades está localizado, o que foi o centro de comunicações da olimpíada de 1992 e o controvertido prédio da companhia de águas da cidade, a Torre Agbar. Ela recebe diferentes denominações populares, como a ogiva nuclear, o pepino ou ainda o supositório. Só não citam o nome daquilo que é coberto pelo supositório. A noite, a sua iluminação reflete as cores do clube de futebol da cidade.
Mais uma vista da Sagrada Família, desta vez o Portal da Paixão.

O poder econômico da cidade também tem um outro símbolo famoso, o Gaudí Hotel Barcelona, em formato de vela. Situa-se entre os hotéis mais luxuosos e caros do mundo. Com um profundo sentimento, de saudade antecipada, deixamos a cidade no rumo de Peníscola, Valência e Madrid.  

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