terça-feira, 27 de agosto de 2013

Diário de uma Viagem. Madrid, Puerto Lápica e Granada.

Não vou me demorar em Madrid desta vez. Já escrevi sobre ela, sobre a visita que fizemos a esta cidade, no ano passado, junto com o El Escorial e a cidade de Toledo. Desta vez passamos o domingo em Madrid e por parte da EuropaMundo a visita se limitou a um tour panorâmico, com rápida visita às principais atrações turísticas da cidade. O Palácio Real sempre impressiona. O visitamos da outra vez. Passamos ainda pela Plaza Mayor, pela Puerta del Sol pela Gran Via e tivemos no Museu do Prado o nosso ponto final. Visitamos este museu. Ele contem o grande acervo dos pintores espanhóis Goya e Velásquez. Fabuloso e imperdível.
O grande destaque do museu do Prado são as pinturas dos espanhóis Goya e Velásquez.

Quero aqui também registrar a minha experiência com relação a visita a grandes museus. A presença de um guia é imprescindível, caso contrário, você fica perdido em meio a sua imensidão. Você corre o risco de não ver o essencial. Se você optar por fazer isso individualmente, é necessário preparar-se para a realização desta visita. É necessário fazer escolhas. Almoçamos na Plaza Mayor. Quanta história, inclusive com os horrores da inquisição, na velha Espanha católica, a filha predileta da igreja católica.

Segunda cedo partimos no rumo de Granada. Viajamos pelas áridas e secas terras da Mancha, a grande região produtora de cerais e do famoso açafrão, uma cultura difícil, totalmente manual, mas absolutamente imprescindível na elaboração do mais típico prato espanhol, a paella. A guia nos contava sobre Toledo, sobre o rio Tejo, sobre o sistema de transportes da Espanha e, como estávamos passando pela Mancha, obviamente de D. Quixote. O Quixote foi, inclusive, o motivo de nossa primeira parada. A cidadezinha onde paramos chama-se Puerto Lápica, um povoado manchego. Nela tudo lembra D. Quixote, pois teria sido este o lugar onde o famoso cavaleiro realizou as suas aventuras. Você, inclusive, vê muitos moinhos, daqueles contra os quais o cavaleiro investia furiosamente. Ali você pode reconstituir os caminhos de D. Quixote, explorados turisticamente e comprar inúmeros souvenir relacionados ao Quixote, ao Sancho e ao seu autor. Valeu muito a pena.
Na Mancha paramos em Puerto Lápica, onde tudo lembra Cervantes e o D. Quixote.

O destino do dia seria a cidade de Granada. A cidade foi sede do governo árabe na Península, entre os anos de 1238 a 1492, o ano de sua expulsão. Na época, Granada era uma das mais importantes cidades da Europa e era considerada como a segunda Bizâncio. Era um grande centro irradiador da cultura árabe, onde se dedicavam aos estudos da álgebra, da astronomia, e da medicina. Antes de Granada, os árabes estavam centrados em Córdoba, cidade, infelizmente, não contemplada neste nosso giro. Do ponto de vista cultural, a presença árabe na Península foi extremamente benfazeja. 

A escolha de Granada como sede do governo árabe deveu-se a múltiplos fatores. Os geográficos não podem ser menosprezados. Granada se situa numa fértil planície, encravada entre as montanhas da Serra Nevada e o mar. A Serra Nevada é responsável pelas mais altas montanhas da Península, e sempre cobertas de neve, uma garantia de água para a região. A proximidade do mar também deve ter influenciado. A Serra Nevada é hoje grande atração turística, pela prática dos esportes de inverno.
Em Granada encontra-se o famoso Palácio de Alhambra, a última sede do governo árabe na Península.

A principal atração turística da cidade é o famoso Palácio de Alhambra, que já sofreu saques e abandono. A passagem por ele das tropas de Napoleão foi desastrosa.O princípio de Napoleão era o saque das riquezas. Levar tudo para Paris. O que não conseguisse levar, deveria ser destruído. Consta que ele teria mandado dinamitar o palácio, mas a ordem não teria sido cumprida. Ainda bem. O palácio foi uma construção majestosa e tinha entre as suas finalidades mostrar que os árabes não estavam em declínio na Península. Muito gesso, madeira e azulejos foram aí trabalhados. Hoje ele está totalmente restaurado e é Patrimônio Cultural da Humanidade, a partir de 1984. A parte interna é ricamente ornada e na parte externa se destacam os seus belos jardins. Um encanto. Uma visita deslumbrante. É desses lugares que você anota como os lugares que valem a pena de serem visitados.

Em Granada se deu a parte derradeira da presença árabe na Península Ibérica. Dali foram expulsos em 1492, pela ação dos reis católicos, Fernando e Isabel. Ato contínuo à expulsão árabe, a Espanha se lança na aventura das navegações. Ali mesmo em Granada, Isabel recebe Colombo para ouvir os seus planos relativos ao novo caminho para as Índias. A negociação entre Colombo e Isabel foi mediada pelos monges do mosteiro de La Rábida, especialmente, pelo padre confessor da rainha. Mais adiante falaremos de La Rábida. 
Um pouco da maravilhosa decoração interna do palácio de Alhambra.

A cidade tem aproximadamente 250.000 habitantes. A sua universidade é das maiores da Espanha, em número de alunos. Seus cursos mais procurados são os de direito e medicina. É uma das mais procuradas para se fazer intercâmbio. Durante o almoço, no hotel, se apresentaram músicos do curso de direito, angariando fundos para a sua continuidade nos estudos. Comprei-lhes o CD de músicas espanholas. Outro monumento da cidade é a sua catedral, do século XVI, dominantemente gótica. Nas proximidades fica a Capela Real, onde estão enterrados os corpos dos reis católicos Fernando e Isabel. Outra atração da cidade é o Sacromonte, onde vivem ciganos, que apresentam espetáculos de dança flamenca original e espontânea, não clássica. Deixamos a dança flamenca para Sevilha.

Mais uma vista da decoração interna de Alhambra.

Granada é também a terra de Federico Garcia Lorca. O aeroporto da cidade homenageia o poeta, dando-lhe o seu nome. Ele nasceu nas proximidades e é um dos formados na sua universidade, no curso de direito. O poeta foi uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola. Foi fuzilado, sem nenhum julgamento e de costas, numa alusão a sua homossexualidade. Dou este detalhe apenas para identificar um perfil dos homofóbicos. Foi executado, por ser considerado mais perigoso com a caneta, do que os soldados com as suas armas. Jorge Amado era seu amigo e, lembrando-lhe a morte, indaga sobre o mundo em que vivemos, em que os poetas são os primeiros a serem executados. Mais um dia absolutamente inesquecível. Amanhã continuaríamos a viagem pela costa do sol e os seus milionários, para chegar até Sevilha, passando antes por Marbela, o famoso balneário.

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