Não vou me demorar em Madrid desta vez. Já escrevi sobre ela, sobre a visita que fizemos a esta cidade, no ano passado, junto com o El Escorial e a cidade de Toledo. Desta vez passamos o domingo em Madrid e por parte da EuropaMundo a visita se limitou a um tour panorâmico, com rápida visita às principais atrações turísticas da cidade. O Palácio Real sempre impressiona. O visitamos da outra vez. Passamos ainda pela Plaza Mayor, pela Puerta del Sol pela Gran Via e tivemos no Museu do Prado o nosso ponto final. Visitamos este museu. Ele contem o grande acervo dos pintores espanhóis Goya e Velásquez. Fabuloso e imperdível.
Quero aqui também registrar a minha experiência com relação a visita a grandes museus. A presença de um guia é imprescindível, caso contrário, você fica perdido em meio a sua imensidão. Você corre o risco de não ver o essencial. Se você optar por fazer isso individualmente, é necessário preparar-se para a realização desta visita. É necessário fazer escolhas. Almoçamos na Plaza Mayor. Quanta história, inclusive com os horrores da inquisição, na velha Espanha católica, a filha predileta da igreja católica.
Segunda cedo partimos no rumo de Granada. Viajamos pelas áridas e secas terras da Mancha, a grande região produtora de cerais e do famoso açafrão, uma cultura difícil, totalmente manual, mas absolutamente imprescindível na elaboração do mais típico prato espanhol, a paella. A guia nos contava sobre Toledo, sobre o rio Tejo, sobre o sistema de transportes da Espanha e, como estávamos passando pela Mancha, obviamente de D. Quixote. O Quixote foi, inclusive, o motivo de nossa primeira parada. A cidadezinha onde paramos chama-se Puerto Lápica, um povoado manchego. Nela tudo lembra D. Quixote, pois teria sido este o lugar onde o famoso cavaleiro realizou as suas aventuras. Você, inclusive, vê muitos moinhos, daqueles contra os quais o cavaleiro investia furiosamente. Ali você pode reconstituir os caminhos de D. Quixote, explorados turisticamente e comprar inúmeros souvenir relacionados ao Quixote, ao Sancho e ao seu autor. Valeu muito a pena.
Na Mancha paramos em Puerto Lápica, onde tudo lembra Cervantes e o D. Quixote.
Na Mancha paramos em Puerto Lápica, onde tudo lembra Cervantes e o D. Quixote.
O destino do dia seria a cidade de Granada. A cidade foi sede do governo árabe na Península, entre os anos de 1238 a 1492, o ano de sua expulsão. Na época, Granada era uma das mais importantes cidades da Europa e era considerada como a segunda Bizâncio. Era um grande centro irradiador da cultura árabe, onde se dedicavam aos estudos da álgebra, da astronomia, e da medicina. Antes de Granada, os árabes estavam centrados em Córdoba, cidade, infelizmente, não contemplada neste nosso giro. Do ponto de vista cultural, a presença árabe na Península foi extremamente benfazeja.
A escolha de Granada como sede do governo árabe deveu-se a múltiplos fatores. Os geográficos não podem ser menosprezados. Granada se situa numa fértil planície, encravada entre as montanhas da Serra Nevada e o mar. A Serra Nevada é responsável pelas mais altas montanhas da Península, e sempre cobertas de neve, uma garantia de água para a região. A proximidade do mar também deve ter influenciado. A Serra Nevada é hoje grande atração turística, pela prática dos esportes de inverno.
Em Granada encontra-se o famoso Palácio de Alhambra, a última sede do governo árabe na Península.
Em Granada encontra-se o famoso Palácio de Alhambra, a última sede do governo árabe na Península.
A principal atração turística da cidade é o famoso Palácio de Alhambra, que já sofreu saques e abandono. A passagem por ele das tropas de Napoleão foi desastrosa.O princípio de Napoleão era o saque das riquezas. Levar tudo para Paris. O que não conseguisse levar, deveria ser destruído. Consta que ele teria mandado dinamitar o palácio, mas a ordem não teria sido cumprida. Ainda bem. O palácio foi uma construção majestosa e tinha entre as suas finalidades mostrar que os árabes não estavam em declínio na Península. Muito gesso, madeira e azulejos foram aí trabalhados. Hoje ele está totalmente restaurado e é Patrimônio Cultural da Humanidade, a partir de 1984. A parte interna é ricamente ornada e na parte externa se destacam os seus belos jardins. Um encanto. Uma visita deslumbrante. É desses lugares que você anota como os lugares que valem a pena de serem visitados.
Em Granada se deu a parte derradeira da presença árabe na Península Ibérica. Dali foram expulsos em 1492, pela ação dos reis católicos, Fernando e Isabel. Ato contínuo à expulsão árabe, a Espanha se lança na aventura das navegações. Ali mesmo em Granada, Isabel recebe Colombo para ouvir os seus planos relativos ao novo caminho para as Índias. A negociação entre Colombo e Isabel foi mediada pelos monges do mosteiro de La Rábida, especialmente, pelo padre confessor da rainha. Mais adiante falaremos de La Rábida.
A cidade tem aproximadamente 250.000 habitantes. A sua universidade é das maiores da Espanha, em número de alunos. Seus cursos mais procurados são os de direito e medicina. É uma das mais procuradas para se fazer intercâmbio. Durante o almoço, no hotel, se apresentaram músicos do curso de direito, angariando fundos para a sua continuidade nos estudos. Comprei-lhes o CD de músicas espanholas. Outro monumento da cidade é a sua catedral, do século XVI, dominantemente gótica. Nas proximidades fica a Capela Real, onde estão enterrados os corpos dos reis católicos Fernando e Isabel. Outra atração da cidade é o Sacromonte, onde vivem ciganos, que apresentam espetáculos de dança flamenca original e espontânea, não clássica. Deixamos a dança flamenca para Sevilha.
Mais uma vista da decoração interna de Alhambra.
Granada é também a terra de Federico Garcia Lorca. O aeroporto da cidade homenageia o poeta, dando-lhe o seu nome. Ele nasceu nas proximidades e é um dos formados na sua universidade, no curso de direito. O poeta foi uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola. Foi fuzilado, sem nenhum julgamento e de costas, numa alusão a sua homossexualidade. Dou este detalhe apenas para identificar um perfil dos homofóbicos. Foi executado, por ser considerado mais perigoso com a caneta, do que os soldados com as suas armas. Jorge Amado era seu amigo e, lembrando-lhe a morte, indaga sobre o mundo em que vivemos, em que os poetas são os primeiros a serem executados. Mais um dia absolutamente inesquecível. Amanhã continuaríamos a viagem pela costa do sol e os seus milionários, para chegar até Sevilha, passando antes por Marbela, o famoso balneário.
Mais uma vista da decoração interna de Alhambra.
Granada é também a terra de Federico Garcia Lorca. O aeroporto da cidade homenageia o poeta, dando-lhe o seu nome. Ele nasceu nas proximidades e é um dos formados na sua universidade, no curso de direito. O poeta foi uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola. Foi fuzilado, sem nenhum julgamento e de costas, numa alusão a sua homossexualidade. Dou este detalhe apenas para identificar um perfil dos homofóbicos. Foi executado, por ser considerado mais perigoso com a caneta, do que os soldados com as suas armas. Jorge Amado era seu amigo e, lembrando-lhe a morte, indaga sobre o mundo em que vivemos, em que os poetas são os primeiros a serem executados. Mais um dia absolutamente inesquecível. Amanhã continuaríamos a viagem pela costa do sol e os seus milionários, para chegar até Sevilha, passando antes por Marbela, o famoso balneário.
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