quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Diário de Uma Viagem. Lisboa - Lagos - Vilamoura e Albufeira.

O dia seria longo e, para que o fosse, tivemos que acordar cedo, mesmo com um pouco de ressaca em função do jantar com o canto do fado da noite anterior. Pedro era o nosso guia da EuiropaMundo. A ação deles é mais organizativa e o seu trabalho é limitado pela legislação que exige a contratação de guias locais, nas visitas às cidades ou museus. Mesmo assim, durante as viagens eles passam preciosas informações. Pedro somou muitos pontos comigo ao apresentar-se como leitor de Jorge Amado. Pedro é espanhol e nos contou que leu toda a obra de Jorge em francês.

Saímos de Lisboa pela ponte 25 de abril. Ela é uma ponte rodo-ferroviária suspensa, construída por uma empresa americana. Ela imita a Golden Gate de São Francisco, e foi inaugurada no ano de 1966, recebendo o nome de Ponte Salazar, então Presidente do Conselho de Ministros, na verdade, o seu ditador. Com a Revolução dos Cravos, ocorrida no dia 25 de abril de 1974, ela foi rebatizada com o nome de Ponte 25 de abril, nome que preserva até hoje. Ela é belíssima.
Uma vista da ponte 25 de abril, a partir do Castelo de São Jorge.

Pelo lado de Alfama, muito próximo à ponte, existe um monumento em homenagem a Cristo Rei, que imita o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. A ideia da construção deste monumento foi do cardeal português, o cardeal Cerejeira, quando de visita sua à cidade do Rio de Janeiro, em 1934. A sua inauguração se deu em 1959 e segundo o nosso guia Pedro, ela foi construída com contribuições do povo português e em agradecimento pelo não envolvimento de Portugal na Segunda Guerra Mundial.

Na sequência o guia conta sobre Portugal: 91.985 Km²; 760 Km na extensão norte-sul e em média de 200 a 250 Km na extensão leste-oeste; 15% das terras da península ibérica; 11 milhões de habitantes; seus rios; D. Afonso Henriques e a sua história; a expulsão dos mouros e sobre suas principais riquezas. A esta altura já estávamos no Alentejo, rumando para o Algarve. Todas as palavras que iniciam com o al são de origem árabe. Estávamos viajando entre sobreiros e azinheiras. O sobreiro é largamente cultivado. Da casca desta árvore é produzida a rolha e também revestimentos para fins acústicos. Ela dura entre duzentos e duzentos e cinquenta anos e pode ser descascada entre sete e oito vezes, ao longo de sua existência. Portugal é responsável por 58% de sua produção mundial. A azinheira é outra árvore, quase um símbolo de Portugal. Nossa Senhora teria aparecido às crianças, em Fátima, sobre um pé de azinheira. Ela produz uma espécie de castanha, da qual se alimentam os porcos, os chamados porcos pretos, semi selvagens, apreciadíssimos para a produção de salames e outros embutidos.

O guia nos falava de Grândola, uma cidade que sempre esteve ligada a industrialização da cortiça. Grândola é uma cidade ligada à democracia, à liberdade e à música. Em homenagem ao povo desta cidade o cantor e compositor português, Zeca Afonso, compôs "Grândola, vila morena", música usada como senha para o início da Revolução dos Cravos. Por seu significado, farei um post especial.

Depois de uma breve parada, que os guias chamam de parada hidráulica, em Almodôvar, o guia segue falando sobre a península ibérica. O seu tamanho equivale ao território da Bahia, a terra de Jorge Amado, lembrava o guia; sobre o rio Tejo, o maior da península e que separava os reinos cristãos dos árabes. Também nos falou de outros rios, como o Sado, que fica nesta região e é grande produtora de arroz. Com estas informações, chegamos a Portimão, grande centro pesqueiro de sardinha e de salmão. Logo depois estávamos já em Lagos, cidade da qual partiam muitas das caravelas portuguesas, além de abrigar o primeiro mercado de escravos da Europa. Dali partem muitos barcos turísticos oferecendo belas paisagens de falésias da região.
A cidade de Lagos lembra a partida de muitas caravelas. Esta que está aí é para lembrar o importante evento histórico das navegações portuguesas.

Em Lagos, na hora do almoço, repetimos a experiência do bacalhau. Constatamos que ele é tão bom no interior, quanto na capital. De Lagos fomos a Vilamoura, importante centro turístico de luxo. Eu a comparei com a nossa Búzios. Aliás, toda a região do Algarve, a região mais ao sul de Portugal, tem no turismo a sua principal atividade econômica. É ocupada especialmente por ingleses, irlandeses e alemães e se constitui num dos grandes centros da prática do golf, do mundo. Não tenho muita paciência com estes lugares. Não me sinto muito à vontade. Cheguei a conclusão de que não tenho a mínima vocação para ser rico e chique.
Vilamoura, um dos maiores centros de turismo e lazer da Europa. Sul de Portugal, no Algarve.

O destino final deste dia seria a cidade de Albufeira, também movimentada pelo turismo. Nesta região também se situa a cidade do Faro, que tem um aeroporto internacional movimentadíssimo para dar conta dos turistas de veraneio e atividades de lazer que frequentam a região. Confesso que se não fosse o cansaço do dia, somado com o do anterior, poderíamos ter aproveitado melhor esta cidade num passeio noturno. Optamos pelo reabastecimento das energias, uma vez que no dia seguinte nos aguardaria, um passeio pela própria Albufeira, Mértola e a esplendorosa e medieval cidade de Évora, a capital do Alentejo.
Uma igreja em Albufeira, a capital turística do Algarve.

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