quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Diário de Uma Viagem. Sevilha.

O ano de 1992 foi um dos anos mais marcantes na história da Espanha. O ano marcaria os 500 anos do descobrimento da América. Os festejos foram especialmente significativos para a cidade de Sevilha, a grande cidade espanhola, voltada para o Oceano Atlântico. Ela já está fora da área do Mediterrâneo. Foi a cidade donde se impulsionaram as navegações espanholas e, na época, a sua maior cidade. No próximo post falaremos de La Rábida, o local específico da saída das caravelas de Colombo.
Uma das maravilhas de Sevilha é a Praça da Espanha. Ela homenageou as cidades espanholas na exposição ibero americana de 1929.

Sevilha é a quarta cidade espanhola. Perde apenas para Madrid, Barcelona e Valência. Possui mais de 700.000 habitantes e mais de 1.500.000 na região metropolitana. O grande feito por ocasião da celebração dos 500 anos foi receber o trem de alta velocidade que ligaria a cidade com Córdoba e com Madrid. Este trem marcou a entrada da Espanha nos chamados trens de alta velocidade.A distância percorrida gira em torno de 500 quilômetros. As principais cidades espanholas, especialmente as ligadas com o Mediterrâneo estão ligadas a Madrid por este trem. Ele tem a preferência sobre os aviões, em função da distância dos aeroportos. A grande central de trens, por exemplo, em Madrid, se situa na Porta de Atocha. Outro feito ligado ao quinto centenário dos descobrimentos, foi a chamada Expo-92, iniciada em abril e encerrada no dia 12 de outubro e da qual sobrou para a cidade um parque tecnológico e um parque temático, a chamada Isla Mágica. 
La Giralda. É a torre mourisca da catedral de Sevilha. É o seu campanário. Dá para subir por rampas internas. São mais de trinta, mas a vista compensa.

As principais rodovias espanholas são as carreteras do Estado. São as rodovias estratégicas, otimamente conservadas e gratuitas. Paralelas a estas rodovias existem as privadas, que cobram pedágio.O país está assim otimamente servido de autoestradas. As pequenas cidades estão ligadas a estas autoestradas, por rodovias de pistas simples, mas sempre em bom estado de conservação. Um fato interessante que pude constatar e que também a guia nos alertou, é que não existem placas de publicidade ao longo das rodovias. Como isto poderia distrair os motoristas, isto é terminantemente proibido.

Ainda sobre a Andaluzia, a guia nos falava da pobreza da região. Esta pobreza não é por falta de riqueza, mas pela sua má distribuição. É terra de latifúndios. É terra de muitos olivais, onde se empregava mão de obra em troca de comida, praticamente. Hoje a legislação ampara os que vareiam os olivais. Varear faz alusão às varas com que são colhidas as azeitonas, ou melhor, derrubadas.
O portal da catedral de Sevilha. Nela estão enterrados restos mortais de Colombo. Há controvérsias. É uma das mais belas catedrais do mundo. Toda misturada de estilos e culturas.

Visitamos a cidade em tour panorâmico e a pé. A primeira parada foi na Praça da Espanha. Esta praça é bonita de tirar o fôlego. Ela foi construída para a Exposição Ibero-americana de 1929. Nas suas proximidades estão os pavilhões dos países participantes da exposição. A praça rende homenagem a todas as grandes cidades espanholas, apresentando o que elas tem mais característico. Hoje esta praça e seus pavilhões abrigam a universidade da cidade.

Depois o passeio continuou a pé. Toda a visita foi acompanhada de guia local. Passamos pelas ruas do bairro de Santa Cruz, local do antigo gueto judaico. Logo, logo fomos acompanhados por guitarristas, a espera de levar alguns trocados. O local também está repleto de restaurantes e de lojas de souvenir. Nele está também o famoso balcão onde apareceu Rosina, da ópera O Barbeiro de Sevilha, de onde ela jogou um bilhete para o seu galanteador. Nas proximidades deste bairro estão também outras atrações, como a igreja Catedral da Giralda, o Real Alcazar, o palácio árabe, parecido com o de Granada, em grandeza e majestade e o Archivo das Índias, a antiga Casa de Contratión. Muito próximo está também o rio Guadalquivir, o grande rio. Ao longo deste rio estão as outras grandes atrações como a Torre del Oro, a Plaza de Toros, a segunda mais antiga e El Patio Sevillano.
Às margens do rio Guadalquivir, a torre do Ouro.

Entramos na catedral, a terceira maior igreja do mundo. Roma e Santa Sofia são maiores. Ela ocupa o lugar de uma grande mesquita e la Giralda, o seu campanário, são o claro exemplo do que era a arte mourisca. Subimos a torre, até a altura dos sinos. Quando subi as torres da igreja da cidade de Colônia, jurei nunca mais fazer isso em lugar nenhum, mas na Giralda não se sobem degraus, se sobem rampas. Fiz o teste e fui aprovado. Os sacrifícios da subida são altamente compensados pelas belas vistas que se tem da cidade. Pelo meio da tarde subimos pelas margens do Guadalquivir, passando pelas suas atrações, no rumo do hotel, pois ao final da tarde tínhamos um show de dança flamenca pela frente.
Sevilha tem dança flamenca e tem touradas. A sua casa de touros é a segunda mais antiga da Espanha. Na Catalunha as touradas são proibidas.

Falar de calor em Sevilha dá até medo de que tudo vá pegar fogo. O ânimo fica bastante reduzido. Mas para o show de flamenco, o ônibus nos levaria. O show foi extraordinário. Certamente é daquelas coisas de se por na agenda, como daquelas coisas que valem a pena de serem vistas. A dança flamenca tem tudo a ver com os ciganos, que já estavam na Andaluzia durante a Idade Média, vindos da Índia, da Hungria e da Romênia. A dança é um dos símbolos da cultura espanhola e é Patrimônio Imaterial da Humanidade. O show teve na dança de Carmen (Bizet) e uma dança de uma mulher no auge de fúria, os seus pontos máximos. Na saída do espetáculo, as 21:00 horas, um termômetro sobre o rio assinalava 42° de temperatura. Até as brisas do rio são altamente comemoradas. No dia seguinte, encerraríamos o nosso giro ibérico, voltando a Lisboa, o nosso ponto de origem, mas no próximo post ainda tem muito a contar, especialmente sobre o mosteiro de La Rábida.


4 comentários:

  1. Obrigado pelo comentário. Sevilha é maravilhosa. Só não foi bom o calor. 42° as 21:00 horas.

    ResponderExcluir
  2. Belíssima, histórica, com calor " infernal" que impossibilita reconhecimento, visitas, movimento dia ou a noite. Ruas desertas tudo fechado com ar condicinado altíssimo internamente....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Leni, Sevilha emana muito calor sob todos os aspectos, com destaque para a cultura, para a história e para o cosmopolitismo. Que cidade fantástica. Agradeço o seu comentário.

      Excluir

Obrigado pelo comentário. Depois de moderado ele será liberado.