quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Diário de Uma Viagem. Lisboa II. A minha experiência.

Chegamos a Lisboa por volta das 8:30 horas. A primeira experiência não foi boa. Foi no aeroporto. Duas horas e meia de espera na fila para carimbar o passaporte. O ar condicionado mal e mal funcionava. "Na fila do matadouro", comentava um vizinho. Quem tinha conexões, as perdeu. Na hora de carimbar o passaporte, perguntas e mais perguntas. Hotel em que ficaria, quantos dias, finalidade da viagem. Do meu colega de viagem revistaram minuciosa e detalhadamente a mala.

Vista do Castelo de São Jorge, de uma colina próxima.

Nos contaram que era uma espécie de operação padrão que estavam fazendo, em razão de uma greve encerrada alguns dias antes, sem resultados positivos.  Não foi uma experiência agradável, ainda mais, depois de um voo tão longo. No hotel tivemos que esperar até as 14: horas para entrar, o que também não foi nada agradável. Aproveitamos para um passeio e almoço nos arredores do hotel.

Como os táxis são baratos em Portugal, tomamos um para nos deixar no Castelo de São Jorge. O Castelo é uma enorme fortaleza de origem árabe. D. Afonso Henriques o transformou em residência real. O Castelo não resistiu ao terremoto de 1775 e permaneceu em ruínas até 1938, quando foi restaurado. Recebeu mais uma restauração no ano de 2006. Do alto da colina deste Castelo se tem a melhor vista panorâmica da cidade, tanto de sua parte central, quanto do bairro de Alfama, o bairro mais preservado pelo terremoto.
Uma das vistas da cidade e do Tejo, do alto do Castelo de São Jorge.

Descendo do Castelo, enveredamos pela Baixa, onde se concentra o comércio da cidade e o seu centro financeiro. Bem ao contrário de Alfama, bairro que se conservou, a Baixa foi totalmente destruída e foi reconstruída pelo Marquês de Pombal. Ali tivemos a nossa primeira experiência com o bacalhau. Guardei até cartão do restaurante, Cesteiro, na rua Correeiros, uma rua lateral à rua Augusta, a do comércio chique. Também está muito próximo das principais praças centrais de Lisboa, como a praça do Comércio, da Figueira e do Rossio. Uma experiência inesquecível e que me tirou todo o mau humor colhido no aeroporto, pela manhã. O preço é inacreditável, 8,50 euros. Os vinhos que necessariamente o acompanham também são baratos. Aliás, Portugal deve ser o país em que se praticam os menores preços de toda a Europa. Se toma Chopp a 1,10 euros. Também fiz as primeiras compras, inclusive a famosa Ginginha, um vinho do Porto e uma aguardente portuguesa, uma espécie de grappa.
Olhem aí o bacalhau a 8,50 euros, em pleno centro de Lisboa.

Pela manhã, tarefa oficial na programação da EuropaMundo: O tour panorâmico pela cidade. Iniciamos pelas proximidades do hotel, o Marriot, onde fica o museu da Fundação Colauste Gulbenkian. Gulbenkian é uma rica e tradicional família de armênios, radicados em Paris e que por ocasião da Segunda Guerra se estabeleceram em Portugal, "neutra" nesta guerra. No museu está o acervo pessoal da família. A primeira atração foi a Praça da Espanha, um lugar cheio de significados, relativos a água, a liberdade ao movimento e a democracia. A praça também tem relação com D. João V (auge do período do ouro no Brasil) e a monja, com quem teve filhos, que foram denominados de filhos de Pavalhã, palácio construído para eles e que é a atual sede da embaixada espanhola. Ali se dão grandes manifestações públicas. Dali se tem uma bela vista para a Avenida da Liberdade, a Champs Elysées, portuguesa. A Avenida da liberdade inicia num grande monumento em homenagem ao marquês de Pombal, com o seu leão, símbolo de poder e das colônias.

Continuamos o tour com as vistas voltadas para o Castelo de São Jorge e para os bairros da Mouraria e de Alfama, bairro de muita tradição, história e de festas populares, especialmente as de junho. Santo Antônio de Lisboa, afinal nasceu em Alfama. Passando pelo centro tivemos informações mil sobre a cidade, por uma guia local, mas informação demais é difícil de ser assimilada.
O Mosteiro dos Jerônimos. 60 anos para ser construído. É em estilo gótico manuelino. Ali estão os túmulos de Vasco da Gama e de Camões.

Rumamos para o outro lado da cidade, aquela que sobreviveu ao terremoto de 1775, onde está a Torre de Belém, o Monumento aos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerônimos. Da Torre de Belém é que partiam as caravelas para a grande aventura marítima portuguesa. O Mosteiro dos Jerônimos foi o tributo de gratidão do rei D. Manuel pelo sucesso dos descobrimentos. Sua construção foi iniciada logo após a volta de Vasco da Gama de sua viagem para a Índia. Consumiu 60 anos para ser construído. Nele trabalharam 120 escultores, os mais famosos de toda a Europa. O mosteiro consagra um estilo próprio de Portugal. o gótico manuelino. O mosteiro foi para mim, a coisa mais linda que vi em Lisboa. Esta visita é algo imperdível.
A famosa Torre de Belém, local de partida das caravelas.

O tour se encerrou no centro de Lisboa e havia uma opção para ir a Sintra, Cascais e Estoril, mas como não conhecíamos Lisboa, optamos pela livre caminhada pelas suas ruas centrais, o que de fato fizemos, após um delicioso almoço, novamente de bacalhau. Andamos pela Avenida da Liberdade, fomos até o monumento em homenagem ao marquês de Pombal e voltamos até a famosa Praça do Comércio. Esta praça concentra muito da história de Portugal, não só pelo movimento de mercadorias, pois ali chegavam as caravelas, mas também a sua política. Ali foram executados, em 1908, o rei Carlos e o seu filho Luís Felipe. Ali também começou o levante popular que culminou com a Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974, que derrubou a longa ditadura salazarista com a restauração da democracia.
Catedral da Sé, no bairro de Alfama. Nesta igreja foi batizado Santo Antônio de Lisboa, o mesmo santo Antônio de Pádua. Ele nasceu neste bairro de Alfama.

Já ao final da tarde enveredamos pelos lados do bairro de Alfama, passando pela Casa de Bicos, onde está a sede da Fundação Saramago. Visitamos ainda a Catedral da Sé, onde foi batizado Santo Antônio de Lisboa e a igreja de Santa Engrácia, transformada no Panteão Nacional. Ali estão, a exemplo de Paris, os notáveis da pátria portuguesa. Ainda sobrou tempo para um jantar típico português, com o canto do fado, este sim, um espetáculo obrigatório e imperdível em Lisboa. Voltamos ao hotel, já madrugada afora. O dia seguinte nos reservaria Lagos, Vilamoura e Albufeira. Eu conto sobre..., na sequência.




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