segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Diários de uma viagem - Olímpia.

A nossa visita ao sítio arqueológico e ao museu começou bem cedo, o que é muito interessante em função do intenso calor. Mais uma vez fomos acompanhados de guia local e, de novo, de excelente qualidade. Olímpia foi declarada como a capital espiritual da Grécia por Alexandre, o Grande e a sua fama está umbilicalmente ligada a questão dos jogos. Nisso ela rivalizava com Delfos. Em Delfos se realizavam os jogos Pítios e em Olímpia, os Olímpicos. Ambos eram locais sagrados. Os jogos eram revestidos de profundos significados. Olímpia é patrimônio cultural da humanidade.
Uma das primeiras vistas de quem entra no sítio arqueológico de Olímpia

Os jogos olímpicos iniciaram oficilmente em 776 a. C., mas muitos jogos já vinham sendo praticados há muito tempo. O seu objetivo básico era militar: o de formar heróis - semi deuses - para atuarem no imaginário dos soldados comuns no enfrentamente das guerras. Atuar ao lado dos campeões olímpicos é que dava ânimo e coragem nas lutas. As vitórias eram coroadas com os ramos de oliveira, árvore símbolo da imortalidade. Pancrácio foi uma das palavras mais utilizadas pela nossa guia. Pancrácio era o nome de uma luta, por sinal, uma das mais cruéis e que terminava com a rendição ou com a morte de um dos competidores. Na maioria das vezes, eles preferiam a morte, tal era a desonra dos perdedores. Nessa luta, comparada com as diferentes formas de luta livre de hoje, tudo era válido, menos as mordidas e as enfiadas dos dedos nos olhos do adversário. Pancrácio significa força total, derivando daí significados políticos como todo poderoso ou todos os poderes. Treino militar era a grande finalidade dessas lutas.
Com a cristianização do Império Romano, sob o império de Teodósio, os jogos olímpicos foram proibidos no ano de 394. Uma nova cultura, em nome de sua superioridade, não poderia conviver com outras e  antigas expressões culturais. Isso de eliminar símbolos da cultura clássica para a sobreposição dos símbolos cristãos é uma constante nessa região. Que pena! Se a humanidade fosse movida apenas pela força do convencimento!...
Os jogos nos tempos modernos foram reintroduzidos por Pierre de Coubertin, mas essa história já nos foi contada inúmeras vezes, até pelo Galvão Bueno, nas transmissões das olimpíadas. Em 2004, por ocasião dos jogos olímpicos em Atenas, várias modalidades foram disputadas em Olímpia.
Uma coluna de Olímpia, restaurada para os jogos de 2004.

Em Olímpia também é acesa a chama olímpica que percorre o mundo  e que chega à cidade sede no dia de sua abertura oficial. A chama é acesa com os raios solares, refletidos sobre um jogo de espelhos. O caráter simbólico da premiação com a coroa de oliveiras era uma das coisas mais difícios de serem compreendidas pelas culturas dos povos vizinhos. Não entendiam o seu caráter simbólico e as suas finalidades militares. Os vencedores também figuravam em panteãos e eram venerados como heróis ou semi deuses. E o que acontecia com os que fraudavam os jogos? Eles também recebiam estátuas. Só que em outros lugares para serem publicamente execrados. Não seria uma bela estratégia para "homenagear" certos políticos brasileiros. Certos não, a maioria. Ultrajes de memória! Fabuloso!
Local em que é acesa a chama olímpica que viaja pelo mundo antes da realização dos jogos.

Olímpia se situa na confluência dos rios Kladios e Alpheus. Também nomes profundamente ligados à mitologia grega. O estádio de Olímpia é outro ponto fabuloso na cidade. Nele foram aproveitadas as inclinações naturais do terreno e comportava um público de 45.000 espectadores. Não havia na região hospedarias para abrigar o povo por ocasião da realização dos jogos. As enchentes do rio Alfeu praticamente soterraram a cidade. As escavações feitas lhe deram a atual configuração e as peças mais valiosas estão no seu precioso museu.

Vista do local em que se situava o estádio de Olímpia. O estádio Olímpico.

Em Olímpia existia também uma das sete maravilhas do mundo antigo. A estátua de Zeus Olímpico, esculpida por Fídias e que teria sido levada para Constantinopla pelos cristãos e destruída em um incêndio, como nos contava a nossa guia. A estátua era de ouro e marfim e possuía 12 metros de altura.
Portal de entrada do estádio olímpico.

Não poderíamos também sair da Grécia sem conhecer uma de suas comidas mais típicas, a famosa salada grega. A experimentamos num local especialmente recomendado pelo nosso guia. Ela estava ótima, mas foi um privilégio do lugar. Em outra oportunidade comemos uma que não tinha a mesma qualidade. Azeitona e azeite devem ser servidos em quantidades generosas para lhe dar qualidade. Vou fazê-la aqui em casa numa das primeiras oportunidades.
A famosa salada grega.

Na nossa saída do Peloponeso e da própria Grécia tivemos o nosso primeiro contato real com a crise econômica deste país. Mas isso conto depois.



2 comentários:

  1. muito legal isso é o lado bom da vida conhecer

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  2. Foi a viagem dos sonhos. Foi o presente que me dei depois de 43 anos de trabalho. Obrigado sr. Arnaldo pelo comentário.

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